Vídeo mostra que Pazuello negociou vacina fora da agenda e por quase o triplo do preço

A justificativa de Pazuello é que se trataria de uma “negociação direta com o governo chinês”, apesar da participação dos intermediários. No entanto, de acordo com a reportagem, na proposta apresentada pela World Brands, cada dose da Coronavac custaria aos cofres públicos US$ 28.

máfia da vacina
Reprodução

O general Eduardo Pazuello, enquanto estava no Ministério da Saúde, negociou com atravessadores a aquisição de 30 milhões de doses superfaturadas da vacina Coronavac, do laboratório chinês Sinovac. Sem registro na agenda oficial do ministério, Pazuello se reuniu com representantes World Brands, empresa de Santa Catarina especializada em comércio exterior no próprio ministério, no dia 11 de março.

Em vídeo, divulgado pelo diário conservador paulistano Folha de S.Paulo (FSP) nesta sexta-feira, o general anunciou a assinatura de um memorando de entendimento com os fornecedores. E ainda prometeu celebrar o contrato “no mais curto prazo”.

A justificativa de Pazuello é que se trataria de uma “negociação direta com o governo chinês”, apesar da participação dos intermediários. No entanto, de acordo com a reportagem, na proposta apresentada pela World Brands, cada dose da Coronavac custaria aos cofres públicos US$ 28.

Mentiras explícitas

Trata-se de quase o triplo do valor cobrado pelo Instituto Butantan, que vendeu 100 milhões de doses do imunizante ao ministério da Saúde ao custo de U$ 10 por dose. A Sinovac afirmou, em nota, que ‘APENAS’ (em maiúsculas) o Instituto Butantan pode oferecer a Coronavac no Brasil. O acordo para transferência de tecnologia foi assinado com o Butantan em setembro do ano passado.

Tanto o vídeo da reunião com os representantes da World Brands, bem como a proposta apresentada foram encaminhadas à CPI da Covid. Além da atuação dos intermediários – como ocorreu também no caso da vacina Covaxin, bem como nas negociações com a Davati – e do sobrepreço, a reunião, por si só, desmente o ex-ministro.

 Em depoimento à Comissão, em abril, quando perguntado sobre a falta de interesse do ministério em relação às ofertas de imunizantes apresentadas pela Pfizer, Pazuello chegou a afirmar que “jamais” teria participado diretamente desse tipo de negociação.

Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o ‘decisor’, eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro — disse ele na ocasião.

Élcio Franco

A reunião foi marcada com o gabinete do então secretário-executivo do ministério, Élcio Franco, que recebeu o grupo. Segundo a reportagem, Pazuello foi chamado, ouviu o relato da reunião e fez o vídeo. No entanto, o anúncio da assinatura do memorando de entendimento teria sido gravado antes mesmo do ministro saber do preço ofertado.

O então ministro foi exonerado quatro dias depois, em 15 de março, e a negociação, no entanto, não prosperou. Procurados, Pazuello e Élcio Franco não se manifestaram.

Enquanto morriam mais de 3 mil pessoas de covid-19 por dia no Brasil, a cúpula do Ministério da Saúde negociava com estelionatários, no golpe da vacina. Se negavam a se reunir com a Pfizer, e se reuniam com (Luiz Paulo) Dominguetti e com a Davati — resumiu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid.

Veja vídeo:

Fonte: CdB/Band News

Related Posts
Caro Sr. Musk, não precisamos que venha nos dizer como tornar a Europa grande
fotos

A ajuda que a Rússia está oferecendo à Europa faz parte de uma organicidade histórica, cultural e política que não [...]

Alerta vermelho para Lula
fotos

O 8 de janeiro não foi um golpe, mas pode muito bem ter sido um ensaio de revolução colorida da [...]

Um modelo falido
fotos

A cúpula do G20 no Rio de Janeiro foi marcada por muitas negociações, e negociações muito difíceis. O governo brasileiro [...]

O homem-bomba de Brasília e a normalização da loucura
fotos

“Não se contraria doido” é um dito comum no Brasil, e é um dito sensato.

Trump se tornará o coveiro do neoliberalismo. Ou não?
fotos

Americanos se manifestaram contra a turbulência econômica, a migração descontrolada e experimentos malucos

“O Brasil é um país que odeia as mulheres”, diz Manuela d’Ávila
fotos

As mulheres foram alvo de quase metade das ocorrências de violência política entre o fim das eleições de 2022 e [...]

Compartilhar:
FacebookGmailWhatsAppBluesky

Deixe um comentário

error: Content is protected !!