Um novo indício de que a história dos “hackers de Araraquara”, como tem sido nomeada a operação da PF, pode ter sido forjada, está no fato de que mensagens de Walter Delgatti Netto, o principal acusado, no Twitter, teria sido publicado a partir de Brasília.
A operação da Polícia Federal (PF) que prendeu três suspeitos de invadir telefones de autoridades, entre elas do ex-juiz e agora ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, transformou-se em uma avalanche de piadas e dúvidas sobre a seriedade dos fatos relatados. Mesmo na mídia conservadora, que destacou as prisões em manchetes positivas para o governo, cresce a desconfiança de que tudo não passa de um subterfúgio montado na tentativa de livrar Moro e procuradores da Operação Lava Jato de processos disciplinares.
Um novo indício de que a história dos “hackers de Araraquara”, como tem sido nomeada a operação da PF, pode ter sido forjada, está no fato de que mensagens de Walter Delgatti Netto, o principal acusado, no Twitter, teria sido publicado a partir de Brasília, e não de Araraquara (SP), onde ele mora.
Suspeitos
Os agentes federais, subordinadas ao ministro Moro, prendeu “hackers” suspeitos de invadir o celular dele, após a divulgação da troca de mensagens entre ele e procuradores da Lava Jato pela agência norte-americana de notícias Intercept Brasil.
O ex-magistrado, segundo a Intercept, teria negociado acordos de delação premiada; recomendado acréscimo de informações na produção de provas contra um réu; questionado a capacidade de uma procuradora em interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sugerido a inversão da ordem das fases da operação.
A prisão dos suspeitos, no entanto, tem servido para aumentar os questionamentos quanto à conduta de Moro e procuradores federais, a exemplo de Deltan Dallagnol. A avaliação é de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de líderes políticos, no Congresso. Uma parte do Supremo, crítica à Lava Jato, sustenta que, apesar das medidas pirotécnicas da PF, o problema continua no conteúdo das conversas.
Sensacionalista
Mais dúvidas surgem, no entanto, quando moradores de Araraquara (SP), ouvidos por jornalistas na região, apontam o suposto hacker como um apoiador inconteste de Jair Bolsonaro (PSL). A conta não fecha, uma vez que a suposta invasão de celulares do ministro atingiria o governo apoiado pelo suspeito.
Um dos moradores de Araraquara que externou sua desconfiança, nas redes sociais, chegou a afirmar a repórteres que conhecia de algumas festas que DJ promovia.
— Só coisas xingando Lula, Dilma, pedindo porte de arma — disse, após reforçar que ele é “muito bolsominion”.
Moro não escapou, sequer, de virar piada no site humorístico Sensacionalista. “Bolsonaro diz que também foi hackeado. Ele afirma que tudo o que o governo fez até agora foi o hacker quem fez”, diz o texto, intitulado “PF prende hacker de mensagens que Moro não mandou. Pode rir, a piada é essa”, escreveram os humoristas.
Expulso do DEM
Como parte da história non sense, o DEM anunciou, nesta tarde, a expulsão de Delgatti Neto. O suspeito era filiado ao diretório municipal de Araraquara, mas não exercia funções partidárias.
Em nota, o presidente da legenda, Antonio Carlos Magalhães (ACM) Neto, afirmou que “diante do envolvimento de Walter” com as invasões determinou “a expulsão do investigado pelo descumprimento dos deveres éticos previstos estatutariamente”.
“É importante ressaltar que o Democratas não pode se responsabilizar pelas atitudes dos milhares de filiados ao partido e que condenamos, de maneira veemente e dura, o cometimento de qualquer ato de irregularidade por quem quer que seja – filiado ao DEM ou outras legendas”, conclui a nota.
Do CdB