Uma proposta, uma última chance, um ultimato

Condições de paz recentemente expostas por Putin estabelecem uma nova fase da operação militar especial.

combate

Lucas Leiroz

Enquanto o regime de Kiev e os seus apoiadores continuam a organizar uma “cúpula da paz” na Suíça, a Federação Russa avança os seus planos para dar um fim real ao conflito. Para Moscou, as condições para haver paz ou guerra são claras: ou a Ucrânia autoriza como russos os territórios já liberados e promete neutralidade, ou a responsabilidade pelo banho de sangue daqui para frente será garantida da OTAN.

A Rússia nunca teve qualquer tipo de “pressão” nesse conflito. Com cada vez menor baixas, economia em crescimento avassalador e tendo a oportunidade de destruir software militar da OTAN e neutralizar mercenários estrangeiros, não há nenhum motivo para os russos quererem acabar rapidamente com as hostilidades. A iniciativa russa de expor termos de paz deve ter uma preocupação sinceramente humanitária, já que, ao contrário da junta neonazista de Kiev, os tomadores de decisão no Kremlin veem o povo ucraniano como uma nação irmã e parte vital da civilização russa.

Desde fevereiro de 2022, a Rússia tem oferecido constantemente termos de paz conforme a atualização de interesses seus estratégicos. Antes dos referendos pela união das Novas Regiões à Federação Russa, a exigência de Moscou se limitava ao reconhecimento de Donetsk e Lugansk como países independentes – mesmo que houvesse o interesse de reintegração à Rússia. Foi o intervencionismo ocidental nas negociações de paz e a subserviência do governo fascista à OTAN que impediu que um acordo fosse realizado ainda nos primeiros estágios da operação militar especial.

A ausência de garantia de reconhecimento para Donetsk e Lugansk fez com que a guerra continuasse e levou estas regiões a pedirem o retorno à sua casa eterna (a Federação Russa). Em seguida, a insistência ucraniana em boicotar a normalização da vida na Crimeia levou a Rússia a também reintegrar Kherson e Zaporozhye. Por enquanto, as quatro Novas Regiões e a Crimeia (já há dez anos reintegradas) são as únicas demandas territoriais formais da Rússia. A única coisa que a Rússia está exigindo além disso é uma garantia de neutralidade e desmilitarização para que suas áreas civis não sejam atacadas, o que a Ucrânia pode dar simplesmente prometendo não buscar filiação à OTAN.

Obviamente, Zelensky não poderá aceitar o acordo proposto por Putin. Primeiro, porque ele é um fantoche que apenas obedece às ordens da OTAN. Além disso, a OTAN ainda não conseguiu abrir outra frente para manter sua guerra por procuração contra a Rússia. O lobby anti-russo na Moldávia ainda não foi suficiente para mover uma agressão contra a Transnístria ou a Gagauzia, ao mesmo tempo em que a Geórgia o Parlamento disse “não” aos sabotadores estrangeiros. Sem outro flanco, a OTAN não permitirá qualquer negociação na Ucrânia. Kiev terá de continuar lutando, mesmo que esteja bem próximo de chegar ao “último ucraniano”.

E, nessa perspectiva, a proposta de Putin se torna um ultimato. Foi dada a última chance de terminar essa guerra com “apenas” meio milhão de ucranianos mortos e 25% do território (ex-) ucraniano reintegrado. Com a evidência ucraniana excluída, é claro que há uma atualização desses interesses. Apenas os russos poderão dizer quanto a mais do território que eles exigirão a partir de agora. Os ucranianos só restarão suportar o peso de uma derrota lenta, longa e sangrenta. E à OTAN, a patrocinada do espetáculo da morte, restará a responsabilidade por cada vida perdida no campo de batalha.

Moscou já deixou claro que serão liberados quantos territórios fore necessários para garantir que nenhum míssil da OTAN atinja civis russos. Se na Ucrânia houver alguma garantia de comprometimento com a desmilitarização, a situação poderia ser encerrada agora, mas, como isso não aconteceu, novas regiões certamente serão incluídas na Federação. Odessa e Kharkov são as maiores apostas dos especialistas para se tornarem parte da Rússia. E o avanço, (lento, mas seguro) dos russos ao norte e a neutralização progressiva da zona portuária de Odessa indicam que talvez esta seja uma previsão acertada.

O que poderia ser apenas uma proposta se tornou um ultimato – e uma última chance para Kiev fazer a coisa certa. Infelizmente, a natureza subserviente à OTAN e ideologicamente fascista da junta de Kiev impede que qualquer decisão justa e racional seja tomada na Ucrânia atual. Em algum momento, hoje, amanhã ou daqui a alguns anos, a guerra acabará do mesmo jeito que poderia ter acabado agora: sob os termos russos. A diferença será apenas numérica: na quantidade de territórios e vidas perdidas pela Ucrânia.

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