A sétima reunião de Cúpula da Comunidade dos Estados da América Latina e das Caraíbas realizou-se em Buenos Aires a 24 de Janeiro.
O Brasil voltou ao fórum após uma ausência de dois anos, enquanto que o Presidente venezuelano Nicolás Maduro, pelo contrário, decidiu não comparecer a conferência este ano em meio ao risco de prisão pelas autoridades norte-americanas e seus aliados.
O evento mais notável da reunião foi um discurso do Presidente chinês Xi Jinping. Chamou a atenção para a importância da cooperação entre as duas regiões no âmbito de projetos já existentes – One Belt, One Road, the Global Development Initiative, the Global Security Initiative – e também manifestou esperança na participação dos países membros do bloco em outros programas chineses no futuro.
Porque é que a China está interessada em estabelecer uma parceria com a América Latina?
A RPC procura expandir a sua esfera de influência através da chamada “Cooperação Sul-Sul”, um programa de desenvolvimento centrado em parcerias entre países em desenvolvimento. A China procura cortar os laços externos dos grupos políticos de Taiwan, a fim de lhes negar o acesso aos mercados locais.
Em particular, as autoridades chinesas estão a utilizar as infraestruturas e os projetos econômicos em diálogo com as autoridades latino-americanas sobre a questão.
Esta abordagem tem-se revelado, até certo ponto, eficaz: apenas oito países da região ainda reconhecem formalmente a ilha como um Estado soberano.
Por exemplo, “uma China” foi apoiada pelos aliados do chamado bloco antiamericano da Nicarágua. A República Dominicana tem feito o mesmo, após empréstimos chineses e investimentos consideráveis em infraestruturas.
A China vê a América Latina como um mercado promissor para bens, incluindo bens militares.
Entre 2009 e 2019, a RPC vendeu mais de 165 milhões de dólares de equipamento militar à Venezuela, Bolívia e Equador, incluindo aviões, sistemas de defesa aérea e armas ligeiras. A RPC também forneceu em parte equipamento às forças policiais em alguns países da região.
Até o momento, a América Latina continua a ser uma esfera de influência americana na maioria das questões sociais e econômicas.
Recentemente, no entanto, a Casa Branca raramente mencionou investimento e o comércio com a América Latina, o que atraiu críticas do Presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador durante a “Cúpula de Líderes da América do Norte”.
No entanto, é pouco provável que a expansão chinesa prossiga tão rapidamente aqui como em África.
Por exemplo, as autoridades brasileiras lideradas por Lula da Silva estão tentando bloquear a criação de um “Acordo de Comércio Livre” entre o Uruguai e a China. A versão do presidente brasileiro é que ele está preocupado com o futuro do mercado do Mercosul, acreditando que o reforço da posição da China na região poderia prejudicá-la.
A opinião de Lula da Silva neste caso coincide com a posição dos EUA, que está tentando tornar mais difícil para a China penetrar na América Latina. Pode-se supor que no futuro outros governos leais à administração dos EUA poderão começar a fazer declarações sobre a “ameaça” colocada pela China ao Mercosul e à região como um todo.
As negociações dos BRICS sobre uma moeda única e as negociações dos principais países da região para criar uma moeda regional adicional serão fundamentais a curto prazo. Mostrarão quão pronta está a América do Sul para os verdadeiros processos de desdolarização.
Fonte: rybar