Os dois são acusados por sua responsabilidade política na repressão policial abusiva contra manifestações majoritariamente pacíficas depois da explosão social de 18 de outubro, e as reiteradas violações denunciadas por instituições nacionais e estrangeiras defensoras dos direitos humanos.
No caso de Chadwick, o Senado deverá se pronunciar quarta-feira sobre a acusação, para o qual se realizará uma sessão especial em que cada membro dessa instância parlamentar exporá suas considerações e finalmente será submetida a votação.
No dia 28 de novembro, a Câmara de deputados aprovou a acusação constitucional contra o ex-ministro com 79 votos a favor, 70 contra e uma abstenção. Se o Senado fizer o mesmo, Chadwick não poderá ser destituído, pois já não ocupa a pasta de Interior da qual saiu na troca de gabinete realizada por Piñera em 28 de outubro, mas ficaria inabilitado para ocupar cargos públicos durante cinco anos.
O ex-ministro era uma figura essencial dentro do executivo anterior, por sua proximidade ao mandatário, inclusive no plano familiar porque são primos, e para muitos era a cabeça do chamado ‘núcleo duro’.
Depois de sua saída, praticamente despareceu do cenário político, mas nas ruas comenta-se que ainda nas sombras continua sendo uma voz muito escutada pelo mandatário na hora de tomar importantes decisões.
No entanto, alguns analistas consideram como certa a condenação Chadwick, como uma espécie de bode expiatório, para com isso salvar Piñera de do mesmo destino.
No caso do presidente, a acusação será vista na quinta-feira pelo pleno da Câmara de deputados, ainda que a presidência da casa e os partidos de direita todos têm refutado os argumentos contra Piñera.
Estes são qualificados como inadmissíveis porque, segundo alegam aqueles que apoiam o governante, os fatos que compõem a acusação ainda não foram investigados nem julgados, e que a acusação só pode proceder por atos vinculantes e não por aqueles cometidos por terceiras pessoas.
Alguns analistas consideram pouco provável que a acusação vingue, pois para a aprovar é necessária a maioria absoluta dos deputados na plenária e que passe ao Senado, onde para destituir o presidente é necessário o voto favorável de dois terços dos senadores.
Mas, da comissão que analisou a acusação, o deputado do Partido Socialista Jaime Naranjo advertiu que com este processo pretendem deixar estabelecido que nenhum Presidente está acima da Constituição e da lei.
Em um recente encontro com correspondentes estrangeiros, o presidente do Partido Comunista, Guillermo Teillier, advertiu que se não aprovarem a acusação, será de todas formas uma vitória do ponto de vista ético ‘porque são vítimas demais, é indignação demais e não se pode permitir que no Chile prevaleça a impunidade’.
Acrescentou que se for aprovado na Câmara de deputados um processo similar contra o ex-ministro do Interior ‘que recebia ordens do presidente’, não sabe como vão fazer os que votaram contra Chadwick para não votar contra Piñera’.
Fonte: Prenda Latina