O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Entendê-lo como algo nosso é fundamental para lutarmos em sua defesa, a fim de lhe garantir mais recursos e financiamentos e não o seu desmonte, como vem acontecendo
Muitos brasileiros não se importam com o Sistema Único de Saúde (SUS) porque acreditam que não são usuários do sistema. Porém, a verdade é que todos nós fazemos uso e nos beneficiamos, de uma forma ou de outra, do SUS.
Se muitas pessoas hoje têm a sorte de morrer apenas aos 80 anos em decorrência das complicações do Alzheimer, por exemplo, é porque não morreram de diarreia antes de completarem um ano de idade; de sarampo, aos cinco; de tétano, aos nove; de surto de meningite, aos 13; em decorrência de HIV ou sífilis, aos 25; de acidente de trabalho, aos 30; de picada de escorpião, aos 35; de tuberculose, aos 40; de infecção alimentar, aos 55, de dengue, aos 60; ou de gripe aos 70.
Todas essas doenças precisam ser tratadas no campo do que chamamos de “saúde coletiva”, coisa que nenhum plano privado de saúde seria capaz de fazer. O controle ou a erradicação da tuberculose, por exemplo, só pode ser feito por um sistema que acesse a todos, com vacinação e cuidados profiláticos, já que o bacilo é altamente contagioso. A dengue é outro bom exemplo. Não adianta você cuidar da água parada do seu quintal e nem se isolar no seu maravilhoso condomínio com porteiro 24 horas. A doença vai chegar até você se não houver o trabalho universalizado oferecido pelo SUS e seus agentes sanitários e de saúde.
O SUS regula nosso sistema de água potável e esgoto, regula a qualidade da carne que você come, a higiene do restaurante que você frequenta e os medicamentos que você usa (a Anvisa faz parte do SUS). Nosso sistema de saúde está sempre atento à “chegada” ou ao avanço de novas doenças, evitando que elas se alastrem, exigindo sistemas de proteção e legislações que reduzam acidentes, epidemias e riscos à saúde e cria campanhas de massa para educação e prevenção de doenças e agravos.
A Farmácia Popular, também do SUS, não beneficia apenas os que têm acesso à medicação gratuita. Ao impulsionar a expansão do mercado, promove também a queda dos preços para os demais consumidores, além de quebrar as patentes das indústrias farmacêuticas e movimentar pesquisas e a produção de medicamentos com custo mais baixo.
O SUS é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo e tem um programa de imunização de doenças que é um sucesso, sendo o responsável pela erradicação de várias delas. O impacto do SUS na redução da mortalidade infantil no país é indiscutível. O Brasil tem um sistema de tratamento e prevenção de HIV/aids exemplar e é o sistema público que mais faz transplantes e hemodiálises no mundo todo, incluindo a manutenção de uma rede de doadores de sangue e órgãos com excelência em tecnologia. Todas as intervenções de alta complexidade ficam a cargo do SUS, pelo fato de serem muito dispendiosas e inviáveis para o sistema privado que, obviamente, tem como interesse primeiro lucrar.
A idealização do SUS tem raízes numa concepção de saúde integral, solidária, humanitária, democrática e que não seja objeto das leis do mercado. Saúde não tem preço e não pode estar à venda. Entender que o SUS é nosso é fundamental para lutarmos em sua defesa, a fim de lhe garantir mais recursos e financiamentos e não o seu desmonte, como vem acontecendo. As deficiências do SUS são decorrentes do que não se investe nele. O SUS é um sistema para o Brasil e não uma espécie de caridade para os pobres. O SUS está em toda parte; está literalmente no ar que respiramos e na água que bebemos. O SUS é nosso! Defenda o SUS!
Fonte: A verdade