Os restos mortais foram encontrados no local do que já foi um colégio interno indígena
Os restos mortais de 215 crianças, algumas com apenas três anos de idade, foram encontrados enterrados no local do que já foi o maior colégio interno indígena do Canadá, construída para facilitar a integração da população étnica.
Na Kamloops Indian Residential School, na província canadense de British Columbia, os forenses estão trabalhando para determinar a causa exata e a data das mortes, relata a televisão pública canadense, CBC.
“Pelo que sabemos, essas crianças desaparecidas são mortes indocumentadas. Algumas tinham apenas três anos de idade”, disse a chefe da comunidade de Kamloops, Rosanne Casimir.
The Remains of 215 Children found on the grounds of a Residential School is a National Tragedy. #Canada pic.twitter.com/hHccuwxS0l
— FSIN (@fsinations) May 28, 2021
Esses tipos de escolas foram criadas nos séculos 19 e 20 para assimilar à força os jovens índios e eram financiadas pelo estado e administradas por organizações religiosas.
A escola Kamloops foi a maior do país, inaugurada em 1890 sob administração católica e atendeu cerca de 500 alunos em seu auge na década de 1950.
Em 1969 o governo federal assumiu sua gestão e a transformou em residência estudantil e assim funcionou até seu fechamento em 1978.
O Centro Nacional para a Verdade e Reconciliação confirmou oficialmente 51 mortes na escola, mas a nova pesquisa aponta para um grande número de mortes não registradas anteriormente.
O centro mantém arquivos criados a partir do trabalho da Comissão de Verdade e Reconciliação, que foi oficialmente concluída em dezembro de 2015 com a publicação de um relatório final em vários volumes que concluiu que o sistema escolar constituiu um genocídio cultural.
Entre 1863 e 1998, estima-se que mais de 150.000 menores indígenas foram expulsos de suas casas e colocados nessas escolas, onde não tinham permissão para falar sua língua ou expressar sua cultura e onde os maus-tratos e abusos eram frequentes.
O Lost Children Project identificou até agora mais de 4.100 menores que morreram durante sua estada em internatos e muitos deles foram enterrados nas próprias dependências da escola.
O evento renovou os apelos à Igreja Católica para se desculpar por seu papel na política canadense dos séculos 19 e 20, que viu crianças indígenas serem removidas de suas famílias para frequentar internatos financiadas pelo estado.
Pelo menos 150.000 meninos e meninas que frequentaram escolas entre 1883 e 1996 para serem assimilados pela sociedade canadense encontraram abandono e abusos, pois suas línguas e culturas nativas foram proibidas.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, reconheceu esses eventos como uma “dolorosa lembrança” de “um capítulo vergonhoso na história de nosso país”.