Por Fernando Brito
Nem deu tempo de comemorar a estranhíssima perda, pelo Ministério Público, do prazo para para tentar reverter a concessão de foro especial ao senador Flávio Bolsonaro.
O ministro Félix Fischer, do STJ, revogou a prisão domiciliar concedida pelo presidente da Corte, João Otávio de Noronha, e Fabrício Queiroz e a sua mulher, Márcia, que estava foragida quando foi concedido o benefício.
Noronha não pode reclamar: ele próprio negou a progressão para prisão domiciliar para diversos outros presos com problemas de saúde iguais ou piores que o do amigo do presidente da República. Digamos que seu sentimento humanitário fosse seletivo.
A prisão domiciliar da mulher, alegando-se que para “cuidar do marido”, nem se fala. Não vi, até agora, relaxamento de prisão de foragido, menos ainda para fazer papel de babá.
Numa e noutra decisão, é o retrato de uma Justiça impregnada pela política.
Deixar Fabrício Queiroz escafeder-se durante mais de um ano e meio de ser levado a depor é vergonhoso. Dar-lhe a liberdade de combinar versões com a mulher, também agente no suposto crime das “rachadinhas”, imoral.
Agora esta misteriosa perda de prazo por promotores, que não são, absolutamente, estagiários que possam dar uma destas “mancadas” de contar errado os dias.
A montanha de dinheiro vivo manipulado pela família na compra de imóveis é uma vergonha. Como é que a Receita deixa passar uma movimentação em grana viva incompatível com as posses de uma família em se tratando de transações públicas, registradas em cartório?