Fica mais evidente, a cada dia, que os processos movidos contra o ex-presidente Lula têm cunho político, enquanto o juiz que o condenou, Sérgio Moro, perde espaço no governo
Os processos que pesam contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em especial a sentença do então juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça e, por enquanto, da Segurança Pública, tendem a ser questionados no Supremo Tribunal Federal (STF), com alta chance de caducar. O ministro do STF Gilmar Mendes, nesta sexta-feira, voltou a citar a fragilidade e inconsistência do processo que sentenciou o ex-presidente Lula a pena superior a 12 anos.
— O mundo tem impressão negativa de processo contra Lula. Colegas com quem a gente conversa no mundo todo, na França, em Portugal, na Espanha, têm uma impressão negativa da condução desse processo, por várias razões — disse o jurista, quando entrevistado em um canal de TV aberta.
Ele destacou que essa impressão negativa existia antes mesmo de a agência norte-americana de notícias The Intercept Brasil revelar conversas entre procuradores e o ex-juiz federal Sergio Moro, que agora sofre as consequências de seus atos. Embora tenha índices substanciais de aprovação junto à sociedade brasileira, seu desgaste no governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é evidente.
Sabe nada
Nesta manhã, o ex-deputado federal Alberto Fraga, amigo e conselheiro de Bolsonaro, criticou a atuação de Sergio Moro frente ao ministério da Justiça. Ele disse que Moro “não entende nada de segurança”.
Fraga é um dos principais defensores da cisão dos ministérios da Justiça e da Segurança Pública, com o propósito de desidratar Sergio Moro.
— O Moro pode conhecer muito de justiça, mas não tem conhecimento nenhum sobre segurança pública, com todo o respeito. Seria importante termos alguém com mais vivência na área criminal, com mais bagagem. O presidente tem ouvido todos os argumentos, mas acha que não é o momento de mexer nisso — afirmou o parlamentar e coronel reformado da Polícia Militar de Brasília, a jornalistas.
Perseguição
Embora a Polícia Federal (PF) tenha realizado, ao longo de mais de quatro anos, uma devassa devassa na LILS, empresa de palestras do ex-presidente Lula, e no Instituto Lula, entre perícias técnicas, quebra de sigilos bancário, fiscal e telemático de diversas empresas e pessoas ligadas ao petista, entre outras medidas, nenhuma irregularidade foi encontrada.
“Enfim, como dito, considerando a finalidade específica das palestras proferidas pelo ex-presidente da República, não vislumbramos, isoladamente, a configuração de crime”, diz um trecho do relatório da Polícia Federal obtido pelo site Jornal GGN e divulgado, nesta sexta-feira.
Embora não houvesse provas, “o delegado da PF Dante Perorago encontrou um jeito de indiciar Lula: usou delações inconclusivas da Odebrecht e suspeitas que já são objetos de uma ação penal em andamento”, acrescenta a reportagem.
Indícios
O GGN destaca que até a sentença que Sergio Moro proferiu no caso triplex foi utilizada para preencher a falta de elementos que pudessem criminalizar as palestras e doações ao Instituto.
Além disso, as operações feitas pelas empreiteiras ao Instituto e empresa de palestras de Lula também foram feitas a outros institutos, inclusive o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas a Lava Jato decidiu vasculhar apenas o que dizia respeito a Lula.
Fonte: CdB