Velha mídia prometia: só Paulo Guedes poderia estabilizar moeda. Mas dólar chega a R$ 4,30, PIB não desencanta, empresas quebram e há exército de desempregados. Até quando o fiel soldado do rentismo será preservado?
Façamos girar a roda do tempo e voltemos a pouco mais de um ano atrás. Estamos em meados do segundo semestre de 2018, vivenciando um período de grande efervescência política em nossas terras. Lula, o líder favorito nas pesquisas de intenção de voto, havia sido impedido pelo Poder Judiciário de se candidatar às eleições presidenciais. Bolsonaro avançava no eleitorado do centro e da direita, ao passo que Fernando Haddad tentava se colocar na disputa como herdeiro de Lula. Dois meses antes do primeiro turno, uma providencial facada retira o capitão dos palcos e dos debates. A partir daí, a estratégia dos representantes dos interesses do financismo e dos grandes meios de comunicação foi consolidada. Aderiram de forma descarada à candidatura do defensor da tortura e da pena de morte, um declarado saudosista dos tempos de chumbo da ditadura militar. Imbuídos da “missão” de impedir o retorno de um eventual governo preocupado com aspectos como a redução da desigualdade e a promoção do desenvolvimento, adotaram a tática suja e desleal do vale-tudo para assegurar a vitória de um extremista de direita.
Dentre os inúmeros recursos utilizados para essa tarefa, vale destacar o arsenal de ampliação e multiplicação das fakenews, um conjunto sistemático de mentiras e inverdades profissionalmente elaboradas pela campanha de Bolsonaro com a assessoria internacional de Steve Bannon. De outro lado, os agentes vinculados ao sistema financeiro encarregaram-se de reproduzir o clima de véspera de catástrofe caso o candidato do PT vencesse as eleições.
Dólar: chantagem e especulação
Na verdade, é forçoso reconhecer, não foi essa a primeira vez que tal artimanha tenha sido colocada em marcha. Às vésperas das eleições de 2002, o mesmo havia ocorrido com a candidatura de Lula em disputa com José Serra pelo Palácio do Planalto. Ao longo da campanha, o terrorismo artificialmente construído para impedir a vitória do petista chegou a levar que o dólar a ultrapassasse a mitológica barreira de R$ 4,00 no mercado financeiro. O recado era explícito e espalhado pela grande imprensa: se o ex-sindicalista vencesse, o Brasil estaria quebrado no dia seguinte.
Do Outras Palavras