Os países europeus estão enfrentando sérias dificuldades para tentar substituir o gás russo por suprimentos dos Estados Unidos, norte da África e Mediterrâneo, escreve o colunista do NYT Clifford Krauss.
“A agenda climática, o sentimento reservado dos investidores, a instabilidade política, bem como as disputas territoriais entre potenciais fornecedores de combustível complicam a rejeição da UE ao combustível azul da Rússia”, argumenta o autor.
O artigo enfatiza que a Europa depende do gás russo em 40%. Substituí-lo, segundo Krauss, não será tão fácil, porque o gás natural é mais difícil e mais caro de transportar, o que significa que as relações comerciais estabelecidas têm um papel importante.
Além disso, os próprios campos da Europa estão em declínio e os terminais de abastecimento de GNL claramente não são suficientes.
O colunista observou que, nos EUA, as tentativas de aumentar a produção para cobrir o déficit europeu são complicadas pelas tendências ambientais e pelo baixo interesse dos investidores. Até recentemente, os preços das matérias-primas não eram altos o suficiente para estimular a perfuração de novos poços.
Além disso, os ambientalistas temem um aumento acentuado nas emissões de dióxido de carbono devido à mineração ativa, o que força o governo Biden a se concentrar na agenda climática, disse Krauss.
O observador acrescentou que o abastecimento da Líbia para a Itália é complicado devido à situação territorial instável, e a Argélia não pode aumentar os volumes devido à deterioração das relações com Marrocos, por onde passa o gasoduto para Espanha e Portugal. O Egito, que poderia cobrir parte do déficit europeu, preferiu fechar contratos de gás de longo prazo com a China em condições mais atrativas.
Desde 1º de abril, a Rússia instituiu os pagamentos de gás de países hostis em rublos para fugir de acordos em dólares e euros. O presidente Vladimir Putin esclareceu que Moscou reconhece a recusa de realizar transações na moeda russa como inadimplência nas obrigações contratuais.
Desde 27 de abril, a Gazprom suspendeu as exportações de combustíveis para a Bulgária e a Polônia por falta de pagamento. Ao mesmo tempo, a empresa alertou que reduziria o trânsito para outros países se Sófia e Varsóvia iniciassem a extração ilegal de combustível.