Daniel Gullino e André de Souza
Desde o começo da pandemia, em março de 2020, 460 servidores do Palácio do Planalto foram diagnosticados com coronavírus. O pico ocorreu em julho do ano passado, com 92 registros. No último mês, foram 30, quase o dobro de fevereiro, quando houve 16 casos. Os números foram informados pela Secretaria-Geral da Presidência, em resposta a um pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação.
Os 460 casos em um universo de 3.500 pessoas, segundo os dados mais recentes, indicam que 13% dos servidores já foram contaminados. A taxa é maior do que a média brasileira — o país já registrou 12,7 milhões de casos, em uma população de 212,8 milhões, segundo a projeção populacional do IBGE, ou seja, um índice de 6%.
GSI – Entre os órgãos que compõem a Presidência, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) está à frente em número de registros: 191. No gabinete do presidente, foram 28. Em março, o órgão mais afetado foi a Secretaria-Geral, com 20 diagnósticos dentre os 30 em todo o Palácio do Planalto.
Como reflexo da postura do presidente Jair Bolsonaro, medidas de distanciamento social não receberam muita adesão no Planalto. Eventos com aglomeração foram comuns, como, por exemplo, em fevereiro, quando prefeitos se amontoaram em torno do presidente parar tirar fotos.
Com o avanço da segunda onda da pandemia, Bolsonaro amenizou o discurso. A partir da mudança, os eventos passaram a receber menos convidados — ministros nomeados recentemente, como o próprio titular da Saúde, Marcelo Queiroga, tomaram posse em cerimônias fechadas.
MÁSCARA – Bolsonaro também começou a usar mais a máscara, item que costumava dispensar e até criticar. Em evento ontem para anunciar o pagamento das novas parcelas do auxílio emergencial, ele discursou com o rosto descoberto. Ao terminar, passou a acompanhar outra fala. Foi quando um auxiliar se aproximou dele, cochichou e, em seguida, o presidente colocou uma máscara.
O Globo pediu também o número de servidores mortos em decorrência da doença, mas a Secretaria-Geral não informou. Antes de o pedido ser feito, já havia sido registrada a morte de Silvio Kammers, um auxiliar do gabinete pessoal de Bolsonaro. A informação, no entanto, foi mantida sob sigilo e só se tornou de conhecimento da imprensa em 16 de março.
Uma semana antes, foi publicada uma portaria para declarar vago o cargo do auxiliar do presidente, em função da morte, mas sem informar a causa. Um dia depois, Bolsonaro disse em cerimônia no Planalto que desconhecia “uma só pessoa” do prédio que tenha precisado de internação hospitalar após contrair a doença.
NOVA SUBIDA – A resposta ao pedido de informação ficou pronta na terça-feira, antes, portanto do fim do mês. A Secretaria-Geral não informou até que dia de março os casos foram contabilizados.
Os primeiros registros ocorreram em março do ano passado. Os números caíram em abril, mas depois voltaram a subir até julho. Depois disso, diminuíram até outubro, voltando a subir em novembro e dezembro. No último mês de 2020, foram 53 casos. Em janeiro de 2021, caíram para 16, número que se repetiu em fevereiro, subindo para 30 no mês passado.
Fonte: O Globo