Os importadores de combustíveis, nas últimas semanas, diminuíram o ritmo de compra no exterior devido ao congelamento do preço do diesel vendido pela Petrobras, o que torna a venda do derivado pouco ou não atrativa, comercialmente. Diante da constatação, a estatal encaminhou ao governo federal um ofício, há três semanas, para formalizar o alerta sobre o risco de desabastecimento de diesel, no Brasil. No documento, a diretoria da empresa anexou dados que justificam o alerta.
Com o aviso, a empresa se blinda de possíveis ataques de Bolsonaro. Caso a crise se agrave, ele não poderá mais jogar sobre a Petrobrás a responsabilidade e alegar que não sabia do risco. A empresa diz que caso sua política de preços seja alterada, essa que atrela o preço dos combustíveis no Brasil ao dólar, e haverá risco de desabastecimento porque afetará a importação do produto.
Escassez
Conselheiros da Petrobrás se mostram assustados com a lentidão do governo Bolsonaro. Para eles, já deveria haver traçado um plano emergencial contra a escassez de combustível. Segundo apurou a jornalista Denise Luna, do diário conservador paulistano O Estado de São Paulo (OESP), nesta sexta-feira, o objetivo do ofício será “evitar que uma provável escassez de combustível prejudique a companhia, que já vem alertando há algum tempo o governo sobre o problema de abastecimento. No ano passado, ainda na gestão do general Joaquim Silva e Luna, a estatal já alertava para a redução da oferta e que não conseguiria atender todo o mercado”.
“Após conceder os reajustes, Silva e Luna foi demitido, assim como ocorreu com o atual presidente demissionário da Petrobras, José Mauro Coelho. Sem importar, a Petrobras só consegue abastecer metade do mercado de diesel no País. Se os preços não forem alinhados ao mercado internacional, conforme vem sendo defendido pela companhia, haverá falta de produto”, escreve Luna.
Na realidade, “um ‘racionamento seletivo’ de diesel já está ocorrendo, segundo o ex-presidente da Fecombustíveis, recém-saído do cargo, Paulo Miranda. Nos postos com bandeira (com a marca das distribuidoras) não existe ameaça de desabastecimento no momento, mas os postos de bandeira branca (sem marca) já estão com problemas de adquirir diesel”, concluiu.
Fonte: CdB