Relatórios indicam que a Arábia Saudita concordou informalmente, durante conversações de bastidores com os Houthis, em aceitar suas exigências. Caso se confirmem, trata-se efetivamente da derrota da Arábia Saudita na guerra do Iémen, que está em curso desde Março de 2015 e é atualmente a 3ª maior e mais longa das guerras em curso, após a guerra na Ucrânia e a guerra na Síria.
Os Houthis exigem o fim do bloqueio do Iémen, compensação para os civis, não interferência nos assuntos iemenitas e saída livre do território. Os sauditas pedem por sua vez, garantias de segurança aos Houthis relacionadas com o fim dos ataques com drones e mísseis balísticos às infraestruturas da Aramco e aeroportos sauditas, bem como o prolongamento do acordo de não agressão aos petroleiros que atravessam o Mar Vermelho e o Golfo de Aden (o Irã e Israel estão envolvidos numa guerra de petroleiros). Por outro lado, estas reportagens nos meios de comunicação árabes não esclarecem de forma alguma o futuro do governo de “Hadi“, que foi transferido para Aden na sequência de acordos entre a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos.
É importante compreender que os Emirados Árabes Unidos – EAU há muito que jogam o seu próprio jogo no Iémen e que os seus objetivos estão fundamentalmente em desacordo com os da Arábia Saudita. Os EAU, apoiando-se no Conselho Transitório do Sul, procuram anexar a ilha de Socotra (da qual expulsaram oficiais e militares controlados pela Arábia Saudita), bem como a alienação de 4 províncias do Sul, incluindo Aden, do Iémen. Sem uma imagem clara de um acordo político, é demasiado cedo para dizer que a guerra no Iémen está chegando ao fim.
É bastante claro que, se o acordo terminar nos termos dos Houthis, será, antes de tudo, uma vitória impressionante para o Irã, que os EUA e Israel não podem permitir de forma alguma. Portanto, ainda existem muitas armadilhas no caminho para a paz no Iêmen.