Em lugar de defender o ex-comandante do Exército, Bolsonaro saiu em defesa de seu guru. Disse, em publicação no Twitter, que o trabalho do astrólogo “contra a ideologia insana que matou milhões no mundo e retirou a liberdade de outras centenas de milhões” é reconhecida por ele.
Mesmo depois de o presidente Jair Bolsonaro dizer que esperava um cessar-fogo entre o guru da família, o astrólogo Olavo de Carvalho, e o alto comando das Forças Armadas, o ambiente ficou ainda mais conflagrado após mensagem do escritor, com pesadas ofensas ao general Eduardo Villas Bôas. A doença degenerativa do militar foi motivo de piada para o astrólogo.
“A quem me chama de desocupado não posso nem responder que desocupado é o * dele, já que não para de cagar o dia inteiro”, escreveu Carvalho.
Em lugar de defender o ex-comandante do Exército, Bolsonaro saiu em defesa de seu guru. Disse, em publicação no Twitter, que o trabalho do astrólogo “contra a ideologia insana que matou milhões no mundo e retirou a liberdade de outras centenas de milhões” é reconhecida por ele e contribuiu muito para que chegasse à Presidência.
“Sempre o terei nesse conceito, continuo admirando o Olavo”, disse Bolsonaro, acrescentando esperar o fim da crise. “Quanto aos desentendimentos ora públicos contra militares, aos quais devo minha formação e admiração, espero que seja uma página virada por ambas as partes”, disse.
Novo ataque
A resposta de Olavo de Carvalho veio em seguida. Em especial contra o ministro-chefe da Secretaria da Presidência da República, general Carlos Alberto dos Santos Cruz.
“Os generais, para voltar a merecer o respeito popular, só têm de fazer o seguinte: arrepender-se, pedir desculpas e passar a obedecer o presidente sem tentar mudar o curso dos planos dele. É simples”, disse o guru, no Twitter.
“O Santos Cruz, politicamente analfabeto, não sabe nem mesmo a distinção entre governo e Estado. Quem governa é o presidente sim, Santos Cruz. O Legislativo legisla e o Judiciário julga. Governar, só o Executivo governa”, acrescentou.
Divergências
A resposta mais incisiva dos militares ao ‘astrólogo da Virgínia’, conforme o classifica o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão (PRTB), partiu do general da reserva Eduardo Villas Bôas, ex-comandante do Exército. Ele o coloca na qualidade de “Trótsky de direita”, sem “princípios básicos de educação e respeito”, e como alguém que age para “acentuar as divergências nacionais”.
Um dos nomes mais respeitados nas Forças Armadas, o general, hoje assessor especial do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general da reserva Augusto Heleno, também afirmou a jornalistas, nesta terça-feira, que Olavo “presta enorme desserviço ao país”.
Nada disso, porém, passa sem o conhecimento do alto comando das Forças Armadas, que exigiram uma reunião, nesta tarde, com o presidente da República. O agravamento da crise levou muitos comandantes a afirmar que Bolsonaro tem sido omisso, no lugar de estabelecer um limite ao que veem como desrespeito à instituição.
Militares
“Mais uma vez o senhor Olavo de Carvalho a partir de seu vazio existencial derrama seus ataques aos militares às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia”, escreveu o general Villas Bôas.
O astrólogo é, hoje, a principal influência sobre Carlos e Eduardo, os mais vocais filhos de Bolsonaro; além de um grupo no governo integrado pelos titulares do Itamaraty e do Ministério da Educação. Para o guru, Santos Cruz e os militares em geral são um entrave às mudanças sociais propostas por este grupo de ultradireita.
A disputa, porém, tem causado um desgaste cada vez mais acentuado junto àquela que deveria ser a base de apoio do governo no Congresso. Até o líder da bancada da bala, que deveria apoiar um governo que se elegeu fazendo arminha com os dedos indicativo e polegar, o deputado Capitão Augusto Rosa (PR-SP), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública, faz análise pessimista do quadro político. Ele já acredita Bolsonaro pode não concluirá o mandato.
Impeachment
O deputado vê a perda substancial de apoio ao governo no Parlamento. Considera que a relação entre Executivo e Legislativo está “muito, muito ruim”, conforme afirmou a jornalistas, nesta manhã. Segundo o deputado, “de cada 10 deputados, oito reclamam e dois ficam quietinhos”.
— Ninguém defende o governo — acrescenta.
O deputado é também pessimista quanto à evolução da situação econômica. A piora da economia pode criar, segundo ele, “um risco real de impeachment do presidente”.
— Com 100 dias, (o desgaste do governo) já se tornou irreversível — concluiu.
Do CdB