O tombo do guru Olavo no embate com os generais de Bolsonaro

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Foto: Reprodução

O ideólogo Olavo de Carvalho, guru do clã Bolsonaro, que emplacou seguidores no governo, encantado com o próprio sucesso, resolveu dar um passo maior que a própria perna. Tropeçou em outras forças influentes. Dobrou a aposta e passou a atacar a penca de generais escalados em cargos estratégicos na gestão Bolsonaro, responsáveis por barrar algumas de suas extravagantes propostas, e levou um tombo.

Um desses fiascos foi a desastrada carta do ministro da Educação às escolas para filmar crianças cantando o Hino Nacional. Nessa sexta-feira (8), o Diário Oficial trouxe   exonerações no Ministério, principal aparelho da turma de Olavo no governo federal. Um deles, Sílvio Grimaldo de Camargo, assessor especial do ministro, foi o primeiro a esbravejar em uma rede social.

“O expurgo dos alunos do Olavo de Carvalho no MEC é maior traição dentro do governo Bolsonaro que se viu até agora. Nem as trairagens de Mourão e Bebbiano chegaram a esse nível”.

Do seu bunker na Virgínia, Estados Unidos, Olavo de Carvalho estava inconsolável nos últimos dias e disparou seguidos posts nas redes sociais contra supostos inimigos na equipe de Bolsonaro.

“Será que todos votamos em Bolsonaro para ter um governo tucano? Quantos ministros do atual governo pensam que sim? São todos uns traidores filhos da puta dignos serem jogados na privada”.

Na alucinante ótica de Olavo de Carvalho, os tais ministros teriam se rendido à mídia, o grande inimigo em seu moinho de vento. A raiva é maior com os militares.

“Imaginem, então, o general que, emergindo da tediosa e austera secura da vida militar, se vê de repente cercado de luzes, câmeras e gostosas repórteres”. E conclui: “Cai de joelhos”.

Olavo de Carvalho se imagina também líder inconteste de seus seguidores. Ficou ainda mais cheio de si depois que o chanceler Ernesto Araújo, cristão novo entre seus discípulos, demitiu o diplomata Paulo Roberto de Almeida da presidência do Instituto de  Pesquisa de Relações Internacionais por críticas ao “Professor”. Mesmo perdendo espaço na luta interna entre os bolsonaristas, ele ainda resolveu cantar de galo e orientou seus ex-alunos deixarem o governo. Um de seus preferidos, Felipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro, não se manifestou.

Seus apadrinhados Ernesto Araújo e o ministro Velez Rodrigues, da Educação, também fingiram de surdos. Os sempre ágeis irmãos Bolsonaros, dedos ligeiros em postagens, não deram sequer um pio em suas redes sociais.

Todos eles sabem que nessa parada entre o guru ideológico e os generais que dão sustentação ao governo Olavo de Carvalho é a carta descartável. As seguidas trapalhadas da família Bolsonaro, inclusive do presidente, algumas inspiradas pelo próprio Olavo de Carvalho, só reforçaram o peso dos generais no governo.

A conferir.

Do Os divergentes

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