Publicado em 22/09/2018
Para esta análise utilizei a pesquisa de três institutos, o Vox Populi (13/09), o DataFolha (13/09) e o Ibope (13/09).
Pela Vox Populi, o candidato do PT Fernando Haddad obteve uma variação da primeira pesquisa de 12% para 22%, pode parecer um exagero, mas a metodologia empregada foi informando que o candidato indicado por Lula é o Haddad. Esta percentagem de intenção de votos para o candidato do PT equivale a praticamente a mesma percentagem de simpatizantes do partido (20%). Ou seja, qualquer candidato lançado pelo PT, terá como chão (mínimo de intenção de votos) teoricamente a mesma percentagem do partido, basta que ele seja identificado como candidato do PT. No caso o teto hoje seria o mesmo destinado ao ex-presidente Lula, algo em torno de 40% ou seja, abre uma possibilidade enorme de crescimento.
Vamos ao resumo:
Os números da Datafolha (também conhecida como Datafalha) apresentam algumas discrepâncias que vou descartar na análise, mas, não antes de identificar os motivos. Por exemplo, os números do Bolsonaro estão razoáveis dentro do período de comoção após o ataque, mas os números do Haddad estão bem subestimados, parece que não conseguiram ou “não quiseram” captar em sua totalidade “o momento da onda de transferência” de votos após a confirmação de Haddad como substituto de Lula.
Outro ponto observado é a tentativa de superestimar a percentagem de intenção de votos de Ciro para 13%, não houve nenhum fato relevante em sua campanha para justificar esse número. Ao que parece observando a tabela, os números que está “sobrando” para Ciro é que está faltando para Haddad. Será que estão tentando manter sua candidatura?
Quanto aos demais candidatos, Marina Silva se tornou irrelevante, Álvaro Dias e João Amoedo são candidatos que estão marcando posição para próxima eleição.
Dos candidatos principais o único que tem passagem garantida para segundo turno devido a enorme máquina partidária, e eleitorado fiel é o candidato Fernando Haddad do PT. Então nesse estudo analisarei três cenários possíveis:
Cenário 1 – Haddad x Bolsonaro
Este cenário é o mais propício para o candidato da esquerda, seriam todos contra Bolsonaro, devido a enorme rejeição que o candidato de extrema direita desperta em grande parte da sociedade. Inclusive da direita moderada.
Cenário 2 – Haddad x Alckmin
Este cenário representa a divisão de esquerda x direita, ainda sim Haddad leva ligeira vantagem, devido à fragilidade de Alckimin no Nordeste, praticamente inexiste. Esse confronto praticamente repetiria o de 2014 em que Dilma venceu Aécio. Naquela eleição os votos de Minas, Rio de Janeiro e todo o Nordeste foi o fator preponderante para vitória de Dilma e seria neste caso também.
Cenário 3 – Haddad x Ciro Gomes
Este cenário é o pior para Haddad, neste caso seriam todos (exceto Boulos) contra Haddad. O antipetismo, provavelmente sairia vencedor. Acredito que essa é a projeção que o mercado planeja para esta eleição.
Só que há um problema nesta equação: Ciro é um político personalista e dono de um temperamento irascível. Portanto é imprevisível do ponto de vista do mercado ter um presidente que não pode ser controlado. Ciro lembra muito o temperamento do Collor. Será que em sua hipotética vitória teríamos um terceiro impeachment?
Os eleitores
Os eleitores do Bolsonaro tem o seguinte perfil:
Um grupo denominado de núcleo duro, que são os familiares dos membros das forças armadas, demais membros das diversas polícias e seus familiares e membros das facções de extrema direita, estes estão fechados com candidato, porém é um grupo muito restrito.
O segundo grupo são de homens acima de 40 anos de nível superior, provavelmente segmento da elite dos servidores públicos (juízes, promotores etc) que normalmente votavam no PSDB. Mas é um eleitorado de direita do voto útil, dependendo do desempenho do candidato da extrema-direita, poderá migrar para outro candidato que tenha melhores condições de derrotar o candidato do PT.
O terceiro grupo é de pessoas revoltadas que se identificaram com o discurso de ódio do Bolsonaro, e na falta do candidato devido aos problemas de saúde tendem arrefecer seus ânimos e por isso são os mais voláteis, podendo retornar gradualmente de onde saíram – dos votos nulos e brancos. Isto é uma questão de tempo. Quanto mais tempo o candidato estiver no hospital maior será o desanimo desse pessoal, e ao que tudo indica, com a nova cirurgia para colocar um dreno em seu abdômen, Bolsonaro não terá mais condições físicas para participar da campanha no primeiro turno.
A estratégia de Fernando Haddad:
Para que o candidato evite um segundo turno em desvantagem o melhor caminho é concentrar seus esforços no nordeste, para poder ficar mais conhecido e apresentar ao eleitorado que ele é o candidato de Lula. E também conseguindo amealhar mais votos nessa região irá consequentemente desidratar a candidatura de Ciro, porque esta é região onde se concentra a maioria do eleitorado de Ciro Gomes. Por outro, esperar que a extrema-direita e a direita se digladiem até a exaustão, para ver quem vai para o segundo turno.
Portanto: “Alea jacta est “- a sorte está lançada, que façam suas apostas!