O uso da vacina Oxford / AstraZeneca foi interrompido em grande parte da Europa hoje, incluindo na França, Alemanha, Itália e Espanha.
As suspensões ocorreram após relatos de que um pequeno número de pacientes que receberam a vacina apresentou coágulos sanguíneos. Mas as agências de saúde pública, incluindo a Organização Mundial da Saúde e o próprio braço médico da UE, dizem que não há indicação de que os coágulos sanguíneos tenham sido causados pela vacina, ou que os riscos de administrar a injeção superem os de adiá-la.
A AstraZeneca afirma que dos 17 milhões de pessoas que receberam a vacina na UE e no Reino Unido, o número que apresenta esses sintomas é, na verdade, menor do que o esperado na população em geral.
Mesmo assim, conselhos de segurança da OMS e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) se reunirão na terça-feira para discutir a situação.
A vacina foi aprovada pela OMS e cerca de 70 países. Dados do Reino Unido, onde a vacina tem sido usada mais amplamente, sugerem que é altamente eficaz na prevenção de casos graves. Nenhuma preocupação de coagulação do sangue foi relatada lá.
Dinamarca e Noruega foram os primeiros a suspender a vacina na quinta-feira passada, e os países mais populosos da UE fizeram o mesmo hoje, com líderes descrevendo as suspensões como precaução.
O presidente francês Emmanuel Macron disse que a distribuição seria interrompida por 24 horas enquanto se aguarda uma avaliação da EMA.
Alguns especialistas temem que tais movimentos aumentem a desconfiança da vacina e diminuam ainda mais a distribuição em um momento perigoso, dada a escassez contínua de vacinas e as variantes de rápida disseminação.
A Indonésia citou a situação na Europa hoje ao atrasar seu lançamento, enquanto o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, garantiu aos canadenses que a vacina era segura, e os líderes do Reino Unido defenderam a injeção local.
Atualmente é sem dúvida a vacina mais utilizada no mundo a curto prazo. Cerca de 3 bilhões de doses foram reservadas até o momento, e mais da metade é destinada a países em desenvolvimento.
A vacina é relativamente acessível (não está sendo vendida com fins lucrativos) e fácil de transportar e armazenar em comparação com as injeções da Pfizer e Moderna.
A iniciativa COVAX está enviando doses da AstraZeneca para todo o mundo, geralmente para países que não têm outra fonte de vacinas.
Apesar de todas as vantagens citadas, o lançamento da vacina na Europa foi atormentado por confusão, desconfiança e até animosidade.
A AstraZeneca entregou apenas metade das doses que prometeu à UE, o que causou indignação e, em um caso, uma proibição de exportação.
As doses que chegaram foram administradas de forma incrivelmente lenta devido à hesitação do público – alimentada em parte pela retórica cética de políticos como Macron – e atrasos na concessão de aprovação para pessoas com mais de 65 anos.
Nos EUA, que encomendaram 300 milhões de doses, a vacina ainda não foi aprovada.
O teste da AstraZeneca nos Estados Unidos foi interrompido por sete semanas no outono passado. As preocupações com os testes da empresa intensificaram-se depois que se constatou que alguns participantes britânicos haviam recebido por engano uma dose da vacina com apenas de ‘meia dose’ (surpreendentemente, eles tiveram resultados melhores).
Fonte: Axios