O Marxismo Cultural e a paranoia americana

Décadas de medo: para a direita dos EUA, os sindicatos e artista e, mais tarde, feministas, LGBTs, negros e ambientalistas, são parte da Conspiração de Marx para destruir a família cristã. Discurso de Bolsonaro é um requentado desta época

Do Outras Palavras

Esse é a segunda parte de uma série de três que Outras Palavras publica sobre a utilização do termo “marxismo cultural” na História. O primeiro texto pode lido aqui:
Marxismo cultural, um fantasma que ronda a História
Bolsonaro e seu séquito tomaram-no como o grande mal a ser combatido. Não é novidade: em Mein Kampf, Hitler já o utilizava para justificar fechamento de jornais e perseguição a intelectuais e artistas. Mas o que é mesmo este espectro?

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II

O fantasma do marxismo cultural, já com este nome, teve uma segunda encarnação nos Estados Unidos do início dos anos de 1990, coincidindo com a publicação de estudos críticos e denúncias sobre as ações americanas de contrainsurgência – ou combate a comunistas – principalmente na América Central[1], e em especial na Colômbia. Mas sua pré-história é análoga à alemã e também remonta ao período que se seguiu à Revolução de Outubro de 1917. Como já tratamos deste episódio em outro lugar[2], aqui nos limitaremos a referir a lei que deu início à perseguição de militantes de esquerda, o Espionage Act, aprovado em 1917, assim que os Estados Unidos decidiram participar da rapina da Primeira Guerra Mundial (e enviar tropas para combater a revolução soviética). Esta lei marca o início daquilo que ficou conhecido como o primeiro red scare[3]. Em 1918, por exemplo, foi aprovada uma nova lei, o Smith Act, que autorizava todo tipo de violências contra as organizações dos trabalhadores e, sob as ordens do Procurador Geral da República, um certo Palmer, foram realizadas batidas (que ficaram conhecidas como Palmer Raids), prisões, deportações etc… A literatura a respeito deste primeiro red scare dá o ano de 1921 como o do seu encerramento oficial, mas um fato histórico muito posterior – a execução de Sacco e Vanzetti no dia 23 de agosto de 1927 – é o verdadeiro ponto final desta campanha.

Embora houvesse episódios de atentados diversos à liberdade de expressão, o primeiro red scare não deu maior importância à esfera cultural mas, no âmbito da propaganda, em seu auge contou até mesmo com a colaboração de imigrantes russos (inimigos da Revolução de Outubro) que, com o patrocínio do Estado e de Henry Ford, traduziram a fraude literária Os protocolos dos sábios de Sião para melhor produzir a mesma fusão alemã entre a Revolução de Outubro e uma “conspiração judaica” mundial, que persiste até hoje nos Estados Unidos como referência da extrema-direita[4].

A segunda edição da ofensiva da burguesia americana contra os trabalhadores (o segundo red scare) foi desencadeada na segunda metade dos anos de 1930 e atravessou a década de 1960. A palavra que lhe corresponde é macartismo, embora o senador de triste memória, cujo sobrenome virou substantivo, só tenha aparecido para roubar a cena nos anos de 1950. Agora a prioridade passa a ser a luta contra a “infiltração comunista” na administração pública, no sistema educacional e na indústria cultural.

Um dos seus primeiros capítulos envolveu a criação, em 1938, de uma Comissão Parlamentar para a investigação de atividades comunistas no Estado e na esfera pública. Trata-se da tristemente famosa HUAC – House Un-American Activities Committee – inicialmente presidida por Martin Dies[5], um deputado democrata do Texas. O primeiro alvo da sanha de Dies foi o programa desenvolvido pelo governo Roosevelt (também democrata, é bom não esquecer) para abrir frentes de trabalho na esfera da cultura, no âmbito dos demais programas do New Deal. Uma das instituições criadas para este fim se chamou Federal Theatre[6] e, na primeira oportunidade, Dies convocou para depor a coordenadora deste Departamento, suspeita de filiação comunista. Para que se tenha uma ideia do nível cultural dos integrantes da Comissão, basta referir duas das perguntas a que a constrangida Hallie Flanagan teve que responder: “Christopher Marlowe [contemporâneo de Shakespeare] é comunista? Eurípides [o poeta trágico] faz propaganda da luta de classes?”[7].

Esta primeira investida do Estado americano contra a “infiltração comunista” no serviço público foi muito bem-sucedida: a HUAC produziu um relatório que levou ao corte das verbas federais para as artes e devolveu os artistas de todos os setores ao desemprego, sobretudo os do teatro.

A crônica dos feitos da HUAC inclui a denúncia (e depois processo) em 1940 de artistas como Humphrey Bogart, James Cagney, Katharine Hepburn, Melvyn Douglas e Frederic March. Estes foram inocentados, mas algum tempo depois Lionel Stander foi condenado (por comunismo) e por isto demitido da Republic Pictures. Já se pode ver que a “guerra anticomunista” estadunidense se trava preferencialmente na indústria cultural.

Houve um período de hibernação da HUAC durante a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos se aliaram à União Soviética e efetivamente muitos comunistas americanos participaram sem restrições do combate à ameaça que Hitler representava para o mundo. Para não entrar em detalhes que nos levariam muito longe, basta registrar que inúmeros artistas alemães produziram filmes de propaganda antinazista em Hollywood. Um exemplo é o já referido Os carrascos também morrem (1943), de Bertolt Brecht e Fritz Lang.

Encerrada a guerra, o anticomunismo americano reemerge já no ano de 1945. É deste ano a fundação do AMERICA FIRST PARTY (esta denominação foi transformada em slogan na campanha de Trump). Abertamente neofascista, este partido retomou a campanha de denúncias de judeus, comunistas e simpatizantes da União Soviética em Hollywood. Em 1947 é declarada a Guerra Fria e imediatamente temos a fundação da Motion Picture Alliance for the Preservation of American Ideals (por Walt Disney, entre outros). Do primeiro panfleto alertando para o perigo da propaganda comunista subliminar, destacamos alguns dos seus mandamentos: 1) não caluniar o sistema da livre iniciativa; 2) não caluniar empresários; 3) não caluniar a riqueza; 4) não caluniar a busca do lucro; 5) não divinizar os pobres; 6) não glorificar o coletivo. (Temos boas razões para acreditar que este hexálogo continua em vigor pelo menos no cinema, na televisão e nos jornais americanos). Data deste início da Guerra Fria a transformação em tabu de palavras como marxismo, socialismo e comunismo nos Estados Unidos. Pelo menos duas gerações se formaram sem ouvir menção a estas palavras e a universidade americana até hoje, em sua esmagadora maioria, não dispõe de professores críticos do capitalismo em seus cursos de economia.

Nesta nova conjuntura, a HUAC volta à ativa, agora ávida do sangue dos aliados da véspera. Seu momento de maior visibilidade foi o capítulo conhecido como “Os dez de Hollywood”, uma lista de roteiristas convocados para depor perante a comissão e, principalmente, responder à pergunta “o senhor é ou foi filiado ao Partido Comunista?”. Dentre os convocados, atualmente um dos mais conhecidos no Brasil é Dalton Trumbo, que recentemente teve livro e filme dedicados a esta amarga experiência de denunciado e condenado a um ano de prisão, mais a proibição de trabalhar na indústria cinematográfica (que foi devidamente contornada pelo recurso aos “testas de ferro” – pessoas que se dispunham a emprestar seus nomes para os roteiros que continuaram a ser escritos). Produziu-se neste contexto uma lista negra com cerca de três centenas de “suspeitos”. Para ficar nos mais conhecidos entre nós, limitemo-nos aos seguintes: Howard Koch (roteirista de Casablanca, de 1942), Bertolt Brecht, Hans Eisler, Jules Dassin (diretor de Nunca aos domingos, filmado já no exílio, em 1960), Edward G. Robinson, Orson Welles, Joseph Losey (diretor de Galileu, de 1975, baseado na peça de Brecht e filmado na Inglaterra, país que Losey adotou), Charlie Chaplin, Elia Kazan, Lillian Hellmann, Stella Adler, Leonard Bernstein, Dashiel Hammet, Dorothy Parker, Marc Blitztein, Lena Horne, Langston Hughes, Arthur Miller e Harry Belafonte. Ainda merecem destaque, por seus feitos posteriores ao mar de lama anticomunista, Ring Lardner Jr., que escreveu o roteiro de M.A.S.H., filme de 1970 dirigido por Robert Altman, e Martin Ritt, diretor de Testa de ferro por acaso (1976), cujo roteiro foi escrito por Walter Bernstein, igualmente vítima da caça aos “comunistas” em Hollywood e participante da tática dos “testas de ferro”.

Como ficou dito, este período de caça às bruxas, que se encerrou oficialmente em 1975, acabou tendo nome próprio – macartismo – em parte porque o senador aprofundou os métodos da difamação, dos constrangedores interrogatórios televisionados, das inferências hostis e das falsas acusações.[8] Este episódio do red scare merece ser encerrado com duas de suas derrotas. A primeira é moral. Em 1953 o ator acima referido, Lionel Stander, fez à HUAC o seguinte pronunciamento, ainda hoje válido:

Tenho notícia de um grupo de fanáticos que está tentando destruir a Constituição dos Estados Unidos ao impedir que artistas e outros tenham o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade sem o devido processo legal […] Posso citar nomes e exemplos, pois sou uma das suas primeiras vítimas. É um grupo de ex-fascistas, militantes do partido AMERICA FIRST e antissemitas. É gente que odeia todo mundo, inclusive negros, minorias e muito provavelmente a si mesma. Essa gente está envolvida numa conspiração à margem dos processos legais para minar os conceitos fundamentais sobre os quais se baseia a nossa democracia[9].

A segunda derrota é real e já dá notícia da mudança dos ventos: em 1961, o cantor Pete Seeger foi condenado, recorreu e venceu a causa em 1962. O recuo do segundo red scare teve causas políticas e sociais muito relevantes, a começar pela luta por direitos civis iniciada na década de 1950 e vitoriosa em 1964 (com a lei que assegurou o direito ao voto e o fim da segregação dos afroamericanos). Este processo de lutas verdadeiramente épicas, que vai de Rosa Parks, Mahalia Jackson, Nina Simone e Martin Luther King aos Panteras Negras, aliado ao movimento estudantil, à luta contra a guerra do Vietnam e ao feminismo pode ser sintetizado na expressão New Left. Mas a contraofensiva dos herdeiros do red scare já se verifica na eleição de Ronald Reagan à presidência, na aurora da campanha publicitária do “neoliberalismo”. A hegemonia então reconquistada foi abalada com a crise instaurada em 2008, e ainda hoje em curso, mas persiste aos trancos e barrancos. O red scare da década de 1990 é uma versão muito pálida dos dois primeiros, mas não menos ameaçador, pois já conseguiu até eleger o atual presidente daquele país.[10]

Esta última encarnação (esperando que seja mesmo a última) do red scare se caracteriza pelo mesmo baixo nível do nazismo, do palmerismo e do macartismo. Segundo Richard D. Wolff[11], os mais proeminentes porta-vozes atuais do combate ao marxismo cultural (agora assim designado) são Steve Bannon e o canadense Jordan Peterson. Por seu papel estratégico nas nossas eleições presidenciais de 2018, o primeiro dispensa apresentações; Jordan Peterson é uma boa síntese do intelectual conservador: dispõe-se, por exemplo, a debater marxismo sem ter lido uma única obra de Marx, como ficou mundialmente evidenciado em recente debate com Slavoj Zizek (disponível no YouTube). Para Richard Wolff, em Jordan Peterson é evidente a constrangedora combinação de ignorância e pretensão, pois todas as suas proposições a respeito de Marx e do marxismo são simplesmente falsas.

Quanto à expressão “marxismo cultural”, como já ficou dito, seu uso data do início da década de 1990. Seus primeiros usuários são cristãos fundamentalistas, ultraconservadores, supremacistas – enfim, a extrema-direita estadunidense. Uma das mais eloquentes manifestações da tendência é o movimento Dark Enlightenment (que não se perca pelo nome)– antítese assumida do iluminismo, que prega a moral vitoriana do século XIX, uma ordem tradicionalista e teocrática, declara guerra aberta a todo conhecimento científico e, em primeiro lugar, ao marxismo cultural. Os objetos mais imediatos de sua fúria conservadora são o feminismo, a ação afirmativa, a liberação sexual, a igualdade racial, o multiculturalismo, os direitos LGBTQ e o ambientalismo[12].

Para esta horda de reacionários, incluídos os integrantes do movimento Tea Party, a instituição precursora do marxismo cultural foi a Escola de Frankfurt pelas seguintes razões: imigrou para os Estados Unidos em sua fuga ao nazismo, é constituída por judeus, combinou as teorias dos judeus Marx e Freud e, sobretudo, promoveu a arte moderna (combatida pelos nazistas, como já vimos), contaminando o espírito da contracultura dos anos de 1960. Em suma, a Escola de Frankfurt seria uma instituição de fachada do comunismo.

Trump e asseclas acreditam firmemente que a cultura estadunidense é dominada pelo marxismo cultural, o que é energicamente desmentido por gente como Noam Chomsky[13], Paul Buhle, Michael Denning, Richard Wolff e inúmeros outros. Para os reacionários assumidos daquele país, “politicamente correto” é marxismo cultural, ou marxismo transposto da economia para a cultura; suas origens estão no bolchevismo cultural e, portanto, esta pauta é conspiração contra os sagrados valores americanos (ver mandamentos da Associação hollywoodiana de Walt Disney e bando, acima).

Em 1999, o professor Martin Jay (conhecido no Brasil por seu livro sobre a história da Escola de Frankfurt, A imaginação dialética) caiu numa armadilha montada por William Linch, um militante da causa reacionária: de boa-fé, gravou um depoimento para um programa televisivo sobre a Escola de Frankfurt. Devidamente adulterado, este depoimento foi utilizado para “demonstrar” as teses a respeito do marxismo cultural. Esta experiência chocante é por ele relatada em detalhes no ensaio Dialetics of Counter-Enlightenment: The Frankfurt School as Scapegoat of the Lunatic Fringe[14]. Dentre os capítulos mais eloquentes da campanha obscurantista, e lembrando que Marcuse foi mesmo o pensador favorito das publicações da New Left, destaquem-se do relato de Martin Jay as seguintes referências: Patrick Buchanan publicou em 2001 o livro The Death of the West, no qual, reciclando as teses do bolchevismo cultural, afirma que a Escola de Frankfurt propaga o marxismo cultural; em 1992, Michael Minnicino publicou no jornal Fidelio o artigo New Dark Age: Frankfurt School and Political Correctness; e, por último, o próprio “documentário” televisivo do qual Martin Jay participou. Detalhe: William Linch dirigia na ocasião o Center for Cultural Conservatism.

Para Martin Jay, a tese fundamental destes reacionários é a de que todos os males da cultura – feminismo, ação afirmativa, liberação sexual, direitos LGBTQ, decadência da educação tradicional e ambientalismo – são responsabilidade da insidiosa influência da Escola de Frankfurt. Lukács e Gramsci também são responsáveis, mas têm peso menor porque não imigraram para os Estados Unidos. Os adeptos do marxismo cultural são acusados de ensinar sexo e homossexualismo às crianças, promover a destruição da família, controlar os meios de comunicação e promover o engodo de massas, esvaziar as igrejas e promover o consumo de bebidas. Enfim: marxismo cultural seria a própria subversão da cultura ocidental. Como se pode ver, a maior parte destas acusações – observa Martin Jay – provém de um pântano de demagogos de extrema-direita, totalmente desinformados e muito deficientes no quesito lógica. Sua especialidade é disseminar disparates, absurdos e despropósitos. É evidente a semelhança entre o que dizem e o que dizia seu protoguru Adolf Hitler. A Escola de Frankfurt foi promovida a bode expiatório de uma compreensão completamente arruinada do mundo, de uma visão patética e desorientada. Acrescentemos: pautada por uma insaciável sede de vingança dos típicos desiludidos do american dream que se voltaram exatamente contra aqueles que sempre o denunciaram.

A expressão “marxismo cultural” desfruta da duvidosa honra de ter entrado na cena oficial brasileira através do programa da campanha de Bolsonaro à presidência da república em 2018 (disponível na internet), desde já contando com os bons serviços de Steve Bannon, como sabem todos os que acompanharam aquela momentosa operação política. Por esta determinação, nem ao menos merece ser tratada como item separado. Em outras palavras: não passa de extensão à neocolônia (por opção) da pauta metropolitana, graças ainda aos bons serviços da alfândega ideológica instalada no Estado da Virginia, responsável pela péssima tradução dos dogmas americanos. Isto também explica a profundidade de pires das suas manifestações por estas plagas.

Na página 5 do programa dos novos lacaios da neocolônia, o candidato ao cargo titular e à libré mais vistosa promete livrar o país de “ideologias perversas” e na página 8 nos deparamos com a seguinte informação: “Nos últimos trinta anos o marxismo cultural e suas derivações como o gramscismo se uniu [sic[15]] às oligarquias corruptas para minar os valores da Nação e da família brasileira.” Na página 10, tropeçamos  na promessa: “Após 30 anos em que a esquerda corrompeu a democracia e estagnou a economia, faremos uma aliança da ordem com o progresso: um governo Liberal Democrata.” Dentre as providências, lemos à página 48 que “Além de mudar o método da gestão, na Educação também precisamos revisar e modernizar o conteúdo. Isso inclui a alfabetização, expurgando a ideologia de Paulo Freire.”

É bem verdade que esta operação (em andamento) de guerra ideológica declarada ainda contou com os bons serviços da Santa Madre Igreja, que desde os anos de 1990 desfraldou para todo o mundo a bandeira do combate à ideologia de gênero, num assalto similar ao realizado pelos nazistas ao repertório marxista e análogo ao combate travado contra a “ideologia comunista” por nossa penúltima ditadura (1964-85). Um dos mais importantes ideólogos desta empreitada foi o cardeal Joseph Ratzinger, depois Papa Bento XVI, que de 1981 a 2005 comandou uma importante divisão do Vaticano historicamente conhecida como Inquisição e mais recentemente denominada Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé. Saiu da forja da reação católica a tese de que “ideologia de gênero” é um conjunto de ideias falsas, marxistas, que objetivam aniquilar a “família natural”, para tanto fomentando a libertinagem, a união homoafetiva, a pedofilia [como se eles mesmos não fossem seus mais contumazes praticantes]…[16]

Para enfrentar esta pouco surpreendente aliança entre extrema direita católica, extrema direita evangélica e extrema direita propriamente dita (ou neofascismo) em guerra declarada às expressões culturais da multissecular luta pelo esclarecimento e pelo socialismo, estamos desafiados a apresentar as nossas armas.


[1] Chomsky dedica várias obras ao tema, inclusive a já citada Propaganda and the Public Mind.

[2] Cf. Panorama do Rio Vermelho. São Paulo: Nanquim, 2001.

[3] Embora possamos traduzir a expressão por “pânico vermelho”, é importante registrar que se tratou de guerra declarada e campanha midiática para promover o medo e o ódio aos comunistas, de preferência militante e fanático.

[4] Como aprendemos com o autor de Mein Kampf, e este com o “ministério da informação” inglês, a correspondência aos fatos é dispensável na guerra da propaganda.

[5] Esta Comissão existiu oficialmente até 1975, mas a do Senador Joseph McCarthy, como ficou dito, roubou-lhe a cena a partir de 1950.

[6] Este tema também foi desenvolvido com mais pormenores no livro Panorama do Rio Vermelho, acima citado. Nos últimos anos, a bibliografia sobre o tema ganhou novos títulos no Brasil.

[7] O diálogo foi reconstituído no filme genial de Tim Robbins, Cradle will Rock, de 1999.

[8] Sobre este senhor ainda vale a pena registrar (a título de vingança literária) que era alcoólatra e viciado em morfina. Seu vício foi financiado pelo Federal Bureau of Narcotics, de 1950 até sua morte, cuja causa declarada foi “hepatite aguda” (por honra da firma). Sua carreira durou apenas quatro anos, em parte porque atirou no próprio pé ao seguir o palpite de seu assistente, Roy Cohn, e deu corda a uma denúncia de homossexualismo no alto comando das Forças Armadas. Quanto a Roy Cohn, o filme Citizen Cohn (1992, Frank Pierson) trata deste e demais episódios de sua carreira torpe. Não custa lembrar que foi advogado de Donald Trump nos anos de 1980.

[9] Cf. BELTON, John. A Theory of Justice. 4th. ed., McGraw-Hill, 2013, p. 309. Apud Wikipedia, verbete Lionel Stander.

[10] Segundo Paul Krugman, no New York Times, este presidente é a primavera dos trapaceiros. (Cf. Folha de São Paulo, 10/09/2019).

[11] Criador do site Democracy at Work e autor do livro de mesmo nome, além de professor marxista de economia muito conhecido nos Estados Unidos.

[12] Para mais detalhes, procurar na Wikipedia o verbete Dark Enlightenment.

[13] A tese frontalmente oposta é a da preponderância programática do anticomunismo na mídia hegemônica estadunidense. A obra Manufactoring Consent, de Noam Chomsky e Edward Herman (NY: Pantheon Books, 2002; 1ª ed. 1988), a expõe e demonstra minuciosamente. Na página 29 deste livro encontra-se a afirmação de que “anticomunismo é a religião dominante nos Estados Unidos”. Adicionalmente, Chomsky alerta para o fato de que naquele país os liberais são frequentemente acusados de comunismo para que permaneçam na defensiva. Isto não nos soa agora familiar?

[14] Disponível no site Skidmore College.

[15] Assim como AH, nossos autores não cultivam boas relações com a língua materna. Nem devem saber o significado da expressão “concordância verbal”.

[16] Estas e outras informações podem ser encontradas no ensaio de Ivanderson Pereira da Silva (UFAL-Arapiraca) publicado na Educação em revista (Belo Horizonte, 2018; disponível na internet) com o título “Em busca dos significados para a expressão ‘ideologia de gênero’”. É uma pesquisa de fortuna crítica sobre o tema.

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