Em mensagem no Twitter, nesta sexta-feira, Greenwald criticou os que tentam “descrever Snowden como o hacker-chefe dos vazamentos.
A fixação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na ideia de que um hacker é o autor do tsunami de informações vazadas de dentro da força-tarefa da Operação Lava Jato, que ele coordenou ao longo de quatro anos, até a prisão do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, provocou uma reação bem-humorada do editor-chefe da agência norte-americana de notícias Intercept Brasil, o jornalista Glenn Greewald.
Em mensagem no Twitter, nesta sexta-feira, Greenwald criticou os que tentam “descrever Snowden como o hacker-chefe em parceria com o Telegram pode ser a teoria de conspiração mais insana que já li em uma revista que um dia já teve credibilidade. Só se pode rir”.
Agentes da Polícia Federal (PF), sob o comando de Moro, estariam prestes a mandar uma resposta “contundente” ao que classificam de “ação orquestrada perpetrada por criminosos de alto calibre”, segundo apurou a revista de centro-direita IstoÉ.
“Além disso, se Snowden estava trabalhando em parceria com os fundadores da Telegram – a mais engraçada teoria da conspiração, dada a frequência com que ele criticava a Telegram -, por que alguém teria que pagar um hacker? A conspiração insana se contradiz. O desespero é feio”, escreveu o jornalista.
Pauteiro
A iniciativa da PF seria coordenada, segundo a revista, pelo diretor-geral Maurício Valeixo. Os policiais federais acreditam ter se aproximado dos hackers que invadiram a privacidade dos procuradores “e expuseram as vísceras da Lava Jato”, acrescenta.
Segundo as investigações vazadas para a revista, os agentes federais teriam identificado “conexões no Brasil, em especial em Santa Catarina, e no exterior, com o suposto envolvimento de agentes na Rússia e até em Dubai, nos Emirados Árabes”. Fontes na PF teriam dito a jornalistas que “a PF pode estar perto de alcançar os responsáveis pelo hackeamento ilegal, o que, se confirmado, constituiria uma bomba capaz de provocar uma reviravolta no caso”.
A versão, no entanto, levanta dúvidas até no Senado, que ouviu Moro ao longo de nove horas, na última quarta-feira.
“Novas revelações confirmam: @SF_Moro sempre foi o pauteiro clandestino da lava-jato. Soprou testemunhas, escolheu quem investigar, quem proteger e escalou os procuradores contra @LulaOficial. Mentir ao Parlamento é gravíssimo. Precisa VAR?#MoroMentiu#VazaJatoNoFeriado #VAR”, escreveu o senador Renan Calheiros (MDB-AL), no Twitter, ao comentar o novo escândalo da Vaza Jato.
Desdobramentos
Na noite passada, o radialista de extrema direita Reinaldo Azevedo, em parceria com a agência Intercept, publicou dados inéditos sobre o possível conluio entre Moro e a força-tarefa da Lava Jato. Uma crítica de Moro, em diálogo com o procurador do Ministério Público Federal (MPF), Deltan Dallangnol, teria causado o afastamento de uma procuradora do MPF de audiência com o ex-presidente Lula, em 2017.
Segundo Azevedo, Dallagnol interpelou o procurador Carlos Fernando 17 minutos depois da conversa com Moro sugerindo que Tessler não fosse escalada da audiência com Lula, dois meses depois, em 10 de maio de 2017. No diálogo vazado, Dallagnol mostra-se preocupado com a possibilidade de que outras pessoas vejam as mensagens trocadas e pede ao interlocutor que as apague logo em seguida.
Moro falou também especificamente sobre o diálogo com Dallagnol sobre a procuradora Laura Tessler. Ele afirmou que não se recorda especificamente sobre a mensagem, mas que ele não tem pedido de substituição da procuradora. Moro ainda acrescentou que a procuradora continuou participando de audiências e atos processuais da Lava Jato.
Do CdB