Um missionário americano na Amazônia colocou uma tribo isolada de índios à beira da extinção e poderia ser acusado de crime de genocídio, segundo a Folha de São Paulo.
O missionário Steve Campbell, batista dos Estados Unidos, foi interrogado pela FUNAI depois de entrar ilegalmente na terra dos índios isolados da etnia hi-Merimã, perto de Labréa – sul do Amazonas, no mês passado. A tribo é uma das poucas remanescentes no Brasil que nunca teve contato com o mundo exterior.
Um dos funcionários da FUNAI, Bruno Pereira, disse ao jornal Folha que “se durante a investigação se determinar que houve interesse em estabelecer contato”, Campbell pode ser acusado do crime de genocídio, já que ele deliberadamente pôs em perigo a segurança e a vida dos hi-merimãs”.
“Mesmo que o contato direto não ocorra, a probabilidade de transmissão de doenças aos índios é alta”, acrescentou ele. “A memória imunológica deles não está preparada para uma simples gripe ou conjuntivite”, explica Pereira.
De acordo com a imprensa brasileira, Campbell supostamente afirmou em sua defesa que ele estava ensinando os membros da aldeia vizinha a usar GPS, e que o acesso aos hi-merimãs era a única maneira de chegar ao seu destino.
Há três décadas, a FUNAI adotou uma estratégia de não manter contato com os índios que não fizeram contato, preferindo viver em isolamento. No entanto, o novo presidente Jair Bolsonaro disse que era necessário dar aos índios a oportunidade de escolher – se eles querem viver nas tradições de suas tribos ou experimentar a vida em sociedade.
A mesma posição foi tomada pela Ministra dos Assuntos Indígenas nomeado por Bolsonaro, a pastora evangélica Damares Alves. Essas mudanças provavelmente encorajarão outros missionários a tentar se conectar com tribos isoladas.
Note-se que apenas dois meses atrás, outro missionário americano, John Allen Chau, foi morto por moradores da tribo Sentinela do Norte de uma ilha remota na Baía de Bengala, no Oceano Índico. Chau desembarcou na ilha para converter a população local ao cristianismo.
Stephen Corry, diretor da Survival International, acredita que “cristãos fundamentalistas deveriam se livrar do desejo de se conectar com tribos isoladas”. Eles são as pessoas mais vulneráveis do planeta, seus organismos não estão imunes a doenças como gripe e sarampo, disse Corrie.