Mais de 70 milhões de pessoas deslocadas em 2018, diz ONU

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Uma menina afegã cuja família fugiu de sua terra natal devido à guerra e à fome, busca água limpa nas favelas de Lahore, Paquistão, na quarta-feira. [Foto / ic]

ROMA – Quase 70,8 milhões de pessoas foram desalojadas à força no ano passado, um aumento de 2,3 milhões em comparação a 2017, de acordo com um relatório divulgado em Roma na quarta-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR – sigla em inglês).

Antes do Dia Mundial do Refugiado, celebrado mundialmente em 20 de junho, a agência da ONU em Roma forneceu os últimos números em seu relatório anual Tendências Globais.

O número de pessoas forçadas a deixar suas casas, e muitas vezes seus países, devido a guerras, inquietação ou perseguição nunca foi tão alto nas últimas sete décadas, afirmou o relatório.

“Esta é a maior situação de deslocamento global desde a Segunda Guerra Mundial”, disse Roland Schilling, representante regional do UNHCR para o sul da Europa, em entrevista coletiva.

Dos 70,8 milhões, haviam 25,9 milhões de refugiados, quase 41,3 milhões de pessoas deslocadas à força dentro do seu próprio país e mais de 3,5 milhões de requerentes de asilo à espera de uma decisão sobre a sua candidatura, de acordo com o relatório.

Estima-se que 13,6 milhões foram recentemente deslocados devido a conflitos ou perseguição no ano passado, incluindo 10,8 milhões de pessoas que procuram segurança dentro das fronteiras do seu próprio país.

Esse número fez com que uma média de 37.000 pessoas fossem forçadas a fugir todos os dias de 2018, destacaram autoridades na coletiva de imprensa.

Finalmente, houve 1,7 milhões de novas reclamações apresentadas por requerentes de asilo no ano passado, com a maioria buscando asilo nos Estados Unidos, seguida por Peru, Alemanha, França e Turquia.

No total, dois terços dos refugiados em todo o mundo em 2018 tiveram origem em cinco países afetados pela guerra: Afeganistão, Somália, Iraque, Síria e Sudão.

No entanto, a agência da ONU alertou que é incapaz de fornecer uma estimativa detalhada de pessoas que fogem de todas as crises em todo o mundo. “A cifra de 70,8 milhões é conservadora, especialmente porque a crise na Venezuela ainda é apenas parcialmente refletida nesse número”, afirmou o relatório.

No geral, o número de pessoas deslocadas saiu de controle na última década, passando de 43,3 milhões em 2009 para os atuais 70,8 milhões, segundo o relatório.

A situação se agravou especialmente entre 2012 e 2015, principalmente devido à guerra na Síria, que já entrou em seu oitavo ano e até agora produziu mais de 5,6 milhões de refugiados e 6,6 milhões de deslocados internos.

No entanto, outros pontos quentes em todo o planeta também contribuíram para o aumento, incluindo o Iraque e o Iêmen no Oriente Médio, a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul na África, e Bangladesh na Ásia.

Não apenas a situação não estava melhorando, alertou o UNHCR, mas uma inversão de tendência muito necessária parece não estar à vista.

“Isso prova que as políticas atuais implementadas não apenas na Itália ou na Europa, mas em todo o mundo – políticas baseadas principalmente em conceitos como exclusão e medo, e levando à construção de muros defensivos – não estão focando em uma solução real”, disse Carlotta Sami, porta-voz do UNHCR para o sul da Europa.

 

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