Ações deste tipo foram relatadas em um requerimento entregue à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia
De acordo com as informações, entre as mentiras mais absurdas contadas aos indígenas, os evangélicos afirmam que a vacina já vem contaminada da China e quem se imunizar será marcado com o número da Besta, o 666 citado no livro bíblico do Apocalipse, ou irá virar um jacaré.
Segundo o relatório, nas aldeias próximas ao rio Içá, afluente do Amazonas, “pastores teriam se dirigido ao município em tentativa de impedir que as vacinas chegassem na comunidade”. A reportagem destacou que esses evangelizadores seriam da Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada por Valdemiro Santiago, e da Igreja Internacional da Graça de Deus, do pastor R.R. Soares, que não se manifestaram sobre o caso.
Já na terra indígena arariboia, no Maranhão, religiosos ligados à Assembleia de Deus usariam áudios e vídeos pelo celular, sistema de rádio e cultos presenciais para convencer os indígenas “a não se vacinarem”, relatou o requerimento.
À reportagem, o povo kokama que vive no entorno de Santo Antônio do Içá, no Alto Solimões, no Amazonas, afirmaram “que o imunizante os transformaria em animais, homossexuais ou os mataria”.
Além disso, na maior concentração de povos isolados do mundo, no Vale do Javari, oeste do Amazonas, “aldeias já disseram à Sesai [Secretaria Especial de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde] que não irão aceitar a vacina”, segundo a União dos Povos Indígenas da região.
De acordo com o Comitê Nacional da Vida e Memória Indígena, dos 1,3 milhão de indígenas no Brasil, 54.438 foram infectados pela Covid-19 e 1.072 morreram pela doença. O Ministério da Saúde, no entanto, registrou 673 mortes e procurado pela reportagem não comentou sobre a desinformação propagada pelos evangélicos nas aldeias.
Indígenas arariboia
No caso da desinformação propagada pela Assembléia de Deus entre o povo arariboia, no Maranhão, a Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas encaminhou, em março, uma denúncia ao Ministério Público Federal (MPF), que instaurou um procedimento.
Segundo o órgão, “todos os esforços estão sendo empreendidos pelos profissionais de saúde a fim de superar a campanha de desinformação e vacinar as comunidades”, afirmou em nota à reportagem.
Fonte: jornal GGN