O governador do Maranhão Flávio Dino, do PCdoB, afirmou que Bolsonaro foi “movido por ódio e preconceito” ao dizer que “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”.
“É muito lamentável que o presidente da República se dirija a uma parte do país de modo depreciativo, utilizando uma expressão marcadamente preconceituosa e que embute essa visão de superioridade de alguns sobre outros”, afirmou Flávio Dino ao jornal O Imparcial.
Sem perceber que estava com o microfone ligado, Bolsonaro falou para o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que “desses governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão. Tem que ter nada pra esse cara”.
“Recebi com espanto esse nível de ódio e agressividade. De um lado, é algo incompatível com a Constituição e com o princípio federativo; de outro, constitui uma ruptura unilateral, por parte dele, do clima respeitoso que sempre houve no Brasil”, disse o governador do Maranhão.
“Vai se construindo um caminho em que ele [Bolsonaro] vai, cada vez mais, governando para poucos, de modo agressivo”.
Segundo Dino, a ordem dada por Bolsonaro à Lorenzoni de que o Maranhão não deve “ter nada” do governo federal demonstra uma “perseguição política” que “deriva de preconceitos ideológicos e políticos”.
“Infelizmente confirmamos que o presidente da República é movido por um sentimento de sectarismo, de divisão do país, de extremismos e de busca de conflito e de confronto permanente como instrumento de exercício do Governo, que constitui uma anomalia – algo indesejável, pois atrapalha o desenvolvimento do país”, afirmou.
“Do ponto de vista pessoal, fica uma indignação por uma agressão injusta, desrespeitosa em relação ao trabalho sério que é feito no nosso estado”. Porém, “não é a opinião isolada do presidente da República, movido por ódio e preconceito, que vai afetar minha atuação. Acredito nos valores democráticos e republicanos e não afasto um milímetro da minha atuação”.
“Não tenho medo de cara feia, de grito, não tenho medo de nada disso. Não tenho medo de ditador, de subditador, de projeto de ditador”, declarou o governador.
Para Flávio Dino, que foi advogado, a fala de Bolsonaro “enseja em consequências políticas e jurídicas, sob a ótica do crime de preconceito regional, de ameaça – já que configura uma perseguição política”.
Os governadores do Nordeste se reuniram e emitiram uma nota de repúdio às declarações de Jair Bolsonaro. “Nossa primeira atitude é de defesa do nosso estado, da nossa região e, portanto, de repúdio, protesto e indignação a esse tipo de tratamento”, disse Flávio Dino.
Outra reunião entre eles está marcada para o dia 29 e acontecerá em Salvador. Segundo Dino, o tema da denúncia contra Bolsonaro por racismo poderá estar na pauta. “Eu não tomarei nenhuma atitude individual, porque acho que não me cabe, na medida em que, embora eu tenha merecido um ‘destaque’ – de, na ótica dele, ser o pior governador -, eu sempre coloco na frente o que achei de mais grave, que foi o ataque à região e a todos os cidadãos e cidadãs dela; e o anúncio de uma determinação de perseguição contra um conjunto de governadores”.
Do HP