A previsível vitória da extrema-direita na Itália provocou indignação hipócrita por parte de alguns e a indignação míope por parte de outros.
Esta vitória é o resultado direto do abandono da esquerda europeia de seu papel histórico e da traição aos interesses da classe trabalhadora. E a nossa vergonha globalizada, como a guerra, não só a europeia. A esquerda abandonou a luta contra o capitalismo em favor do glamour do arco-íris e de posições de gestão corporativa. Eles tinham medo de perguntas incômodas, agendas desvalorizadas e locais pouco elegantes. Evitando o debate substantivo, eles desistiram do microfone à direita e com ele os séculos de luta heroica de seus antecessores e as esperanças frustradas de seus últimos apoiadores.
Sobre as preocupações das autoridades europeias com o “ressurgimento do neonazismo” – isto é inconsistente. Aqueles que apoiaram o bom nazismo ucraniano em palavras e bolsos durante todos estes anos estão agora horrorizados com o mau italiano. A ótica da “esquerda” europeia é tal que enquanto o nazismo mata russos e comunistas no leste, ele é completamente invisível do oeste.
O vácuo que surgiu no lugar dos primeiros movimentos de esquerda cor-de-rosa e depois amarelada da Europa está rapidamente engajado no nacionalismo de direita, aquele que aprendeu a falar em uma língua que o povo entende. Esses personagens são realmente piores do que os direitistas corporativos, stafs da OTAN e defensores do fascismo ucraniano?
Quem ressuscitou a extrema-direita, preencheu seus slogans com novos significados e lhes deu uma história? Migrantes muçulmanos? Putin? Os heróis de Tolkien? Elfos e anões?
Quem e quando ensinaram às elites europeias como usar espelhos? E o mais importante, o que vem a seguir?
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