A agenda do secretário de Estado, Antony Blinken, vai incluir encontros com o presidente do Equador, Guillermo Lasso, e o presidente colombiano, Iván Duque. Na pauta dos encontros estarão temas como imigração, combate ao narcotráfico, direitos humanos, mudanças climáticas e assuntos comerciais, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
Isolado, internacionalmente, o Brasil ficou de fora do roteiro da primeira viagem do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, à América do Sul. Em vez de visitar o maior país da região, o chefe da diplomacia norte-americana viajará ao Equador e à Colômbia nos dias 19 a 21 de outubro, anunciou sua pasta nesta sexta-feira.
A agenda de Blinken vai incluir encontros com o presidente do Equador, Guillermo Lasso, e o presidente colombiano, Iván Duque. Na pauta dos encontros estarão temas como imigração, combate ao narcotráfico, direitos humanos, mudanças climáticas e assuntos comerciais, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
A decisão de não incluir um país como o Brasil no roteiro parece evidenciar que a Casa Branca sob o presidente Joe Biden ainda procura manter distância do governo de Jair Bolsonaro, embora evitando o confronto direto.
Errático
Os dois nunca se encontraram, e Biden evitou ter qualquer contato com Bolsonaro durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, no mês passado.
Bolsonaro foi o último chefe de Estado do G20 a reconhecer a vitória eleitoral de Biden nas eleições americanas, depois de até mesmo adversários dos EUA, como o russo Vladimir Putin. Além disso, o brasileiro, que é um fã declarado de Donald Trump, o antecessor de Biden, chegou a afirmar – sem provas – que o democrata só ganhou o pleito por causa de fraudes.
Os norte-americanos até fizeram alguns gestos tímidos de aproximação, mas se depararam com o estilo errático do governo Bolsonaro.
Em agosto, o principal assessor de segurança do governo Biden, Jake Sullivan, esteve em Brasília e se reuniu com o presidente brasileiro. Mas, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, Bolsonaro deixou a comitiva americana atordoada ao reafirmar sua convicção de que o ex-presidente Trump foi vítima de uma fraude eleitoral. Além disso, os norte-americanos teriam manifestado preocupação com as investidas de Bolsonaro contra as instituições democráticas.
Os norte-americanos ainda encararam como provocação o fato de Bolsonaro fazer novas ameaças contra o Supremo Tribunal Federal (STF) um dia após o encontro.
Alertas
No mesmo mês, membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado norte-americano enviaram uma carta pública a Blinken alertando sobre a ameaça de Bolsonaro liderar um golpe de Estado.
“Pedimos que o senhor deixe claro que os Estados Unidos apoiam as instituições democráticas do Brasil e que um rompimento antidemocrático da atual ordem constitucional terá graves consequências”, afirmou o documento assinado pelo presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, Bob Menendez, juntamente com os senadores Dick Durbin, Ben Cardin e Sherrod Brown.
Na quinta-feira, foi a vez de um grupo de 64 deputados democratas enviar uma carta a Biden pedindo que o status do Brasil de aliado extra-Otan seja retirado enquanto Bolsonaro estiver no poder. O status foi concedido pelo governo Trump em 2019, quando os EUA ainda mantinham uma relação próxima com o governo brasileiro, embora não tão próxima como Bolsonaro propagandeava.
“Bolsonaro apoiou as declarações falsas de [Donald] Trump sobre fraude na eleição e foi um dos últimos líderes globais a reconhecer sua vitória eleitoral, o que põe em dúvida a disposição dele de aceitar os resultados da eleição brasileira em 2022” escreveram os 64 deputados.
Europeus
Os EUA não são o único país a manter distância de Bolsonaro. Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Carlos França, não foi recebido pelo governo francês quando foi a Paris para uma reunião ministerial da OCDE, mesmo solicitando um encontro, segundo o jornalista Jamil Chade.
O governo alemão, por sua vez, evitou convidar Bolsonaro ao país europeu e chegou a cancelar projetos ambientais na nação sul-americana. A chanceler federal Angela Merkel não visitou o Brasil desde que Bolsonaro tomou posse.
Dois de seus ministros chegaram a ir a Brasília em 2019, incluindo o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, mas os representantes alemães contrabalancearam a visita agendando encontros com membros da sociedade civil, ONGs e até mesmo um governador filiado ao PT.
Fonte: CdB