Segundo Garcia, as provas obtidas de forma ilegal eram produzidas em troca de promessas de benefícios na Justiça. O delator alega que era obrigado a manter em segredo a parceria ilegal com Moro e omitir tal informação de seus advogados.
Delator no processo da Operação Lava Jato ainda sob a égide do ex-juiz incompetente e parcial Sérgio Moro (UB-PR), hoje senador da República, o empresário Tony Garcia voltou aos holofotes, nesta sexta-feira, em um novo desdobramento do caso que levou à prisão o ex-governador do Paraná Beto Richa, em 2018. Garcia apresentou graves denúncias contra Moro e procuradores da força-tarefa de Curitiba.
De acordo com o depoimento sigiloso de Garcia, vazado para a revista semanal de ultradireita Veja, ele teria gravado clandestinamente o ex-governador e outras autoridades da República a pedido de Moro e dos procuradores federais que atuavam sob a orientação daquele magistrado.
Segundo Garcia, as provas obtidas de forma ilegal eram produzidas em troca de promessas de benefícios na Justiça. O delator alega que era obrigado a manter em segredo a parceria ilegal com Moro e omitir tal informação de seus advogados. As acusações contra o ex-juiz foram feitas em depoimento à juíza Gabriela Hardt no ano de 2021, porém o caso ficou parado na 13ª Vara Federal de Curitiba até ser remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo juiz Eduardo Appio, atualmente afastado do cargo.
Cúmplices
Procurado por repórteres, nesta manhã, para repercutir as acusações, Moro negou as alegações do delator.
“Tony Garcia é um criminoso que foi condenado, com trânsito em julgado, por fraude e apropriação indébita. A pedido do Ministério Público e com supervisão da Polícia Federal, resolveu colaborar com a Justiça em investigação de esquemas de tráfico de influência e corrupção, ocasião na qual foi autorizado a gravar seus cúmplices. Este tipo de diligência é autorizada pela lei. Nunca houve qualquer escuta clandestina de conhecimento do senador, à época juiz, Sergio Moro” disse em nota, referindo-se na terceira pessoa.
O caso, no entanto, é mais uma pedra nos obstáculos que Moro encontrará no Supremo Tribunal Federal (STF), em processos a que responde. Uma parte dos ministros da Corte acredita que Moro deve encontrar um “ambiente ruim”, principalmente no processo que pede a cassação de seu mandato.
Dallagnol
Apuração da jornalista Bela Megale, em sua coluna no diário conservador carioca O Globo, revela que uma ala dos magistrados acredita que são pequenas as chances de Moro permanecer no cargo, se o processo pela cassação chegar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Aliados do ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública no governo do ex-mandatário fascista Jair Bolsonaro (PL), no entanto, acreditam que Moro conseguirá se manter no cargo. Eles avaliam que o senador adotou um discurso mais calmo do que o de seu parceiro na Lava Jato Deltan Dallagnol, que teve o mandato de deputado cassado.
Moro responde a ação movida pelo PL e pelo PT, que o acusam de ter cometido abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2022. O senador nega qualquer irregularidade.
Fonte: CdB