Da miséria da teoria á tragédia nossa de cada dia

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Em todos campos do conhecimento humano o mínimo que se exige é a postura ética e profissionalismo.

Por exemplo, em um projeto seja qual for sua dimensão, do engenheiro é exigido em sua elaboração que os diversos cálculos envolvidos estejam de acordo com as normas de engenharia seja a nacional da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), ou as normas internacionais da IEC e IEEE etc.

A não observância das normas técnicas por parte de um profissional tem resultados catastróficos. Cito como exemplo o desmoronamento do prédio Palace II em 22 de fevereiro de 1998, da construtora Sersan do então deputado mineiro Sérgio Naya.

A causa da tragédia foi resultado do “erro” do cálculo estrutural das vigas de sustentação, ou seja, havia uma quantidade ferragem aquém da necessária e como não bastasse esse erro, os materiais utilizados na construção eram de baixa qualidade e o concreto era feito com areia praia.

Como saldo de tragédia além dos prejuízos materiais incalculáveis para as famílias desabrigadas, oito pessoas perderam a vida.

Embora na decisão da aquisição de um imóvel por parte do comprador haja elementos objetivos assim como subjetivos para um investimento que é para vida toda,  porém todos os compradores sejam de um imóvel de alto padrão ou do mais simples são unanimes com a questão da segurança, afinal ninguém deseja ter um imóvel caindo em suas cabeças.

Eis um caso só que desta vez no campo da medicina. Durante uma cheia resultado de forte chuva em seu imóvel o morador passou a noite inteira retirando a água, como resultado uma semana depois começou a passar mal com febre, tosse, fraqueza e urinando uma substância escura como café.

Então para não esperar na fila de um hospital público para ser atendido, ele resolveu ir a um consultório particular.

No consultório a primeira coisa que recebeu foi uma folha para preencher com dados pessoais e um dos itens havia a pergunta de qual era sua religião. Já exausto e com “saco cheio” de ver aquela pergunta invasiva ele tascou “Ateu” e entregou para atendente junto com o valor da consulta.

Ao ler a resposta, a atendente disse com estranheza: “Ateu!?” Sim eu sou ateu, respondeu já indignado, mas eu não vim aqui falar de religião eu vim aqui para uma consulta!

Chegado a sua vez para ser atendido, o médico como de praxe indicou a cadeira, e leu o questionário franzindo o cenho.
Fez algumas perguntas básicas como o que estava sentindo, e em seguida veio a sentença: “Isso ai é gripe”, e preencheu a receita com os remédios para compra.

Voltando para casa com os remédios e passado mais um dia e nada de melhorar pelo contrário só foi piorando.

Decidido a não esperar mais, ele foi dessa vez na Santa Casa. Para sua surpresa ele foi rapidamente chamado, pois não havia muitos pacientes aguardando na sua frente. O médico escutou o paciente, levantou da cadeira e olhou nos olhos e disse: “Você está com hepatite. Você vai precisar ser internado e será ministrado o soro, e vamos coletar o sangue para exames”. Esse caso é verídico e aconteceu comigo mesmo, e o primeiro médico que me atendeu, se candidatou e virou vereador e era evangélico!

No campo das Ciências, o pesquisador estuda um fenômeno às vezes durante anos, formula uma hipótese ou uma teoria, publica seu trabalho através de um artigo em uma revista cientifica.

Dependendo do estagio tecnológico que humanidade encontra esses estudos pode ser confirmado em pouco tempo, ou pode passar décadas até que novos equipamentos possa comprovar de fato a teoria.

Em 1905, Albert Einstein em sua teoria da relatividade afirmava que a massa de corpos deformava o espaço de tal forma que um raio luminoso sofria um desvio pela deformação. Para comprovar a “deformação da luz” e como consequência confirmar a “Teoria da Relatividade” foram feitas expedições em algumas partes do mundo em busca de um local ideal para um eclipse solar.

A experiência era relativamente simples, durante o eclipse a luz ofuscante do sol cessaria e as estrelas próximas ficariam visíveis e várias fotos deveriam ser tiradas em sucessão, e depois comparadas com fotos tiradas três meses depois na mesma posição durante a noite.

Em 29 de maio de 1919 na cidade de Sobral uma expedição de cientistas brasileiros, americanos e ingleses seguindo as previsões, realizou com sucesso a experiência. Einstein estava certo, a luz faz uma curvatura, e assim o mundo havia obtido uma nova Teoria do Universo.

Em 1989, os cientistas norte-americanos Stanley Pons e Martin Fleischmann, publicaram e depois retiraram um artigo na revista Nature de suas descobertas da fusão a frio. Os resultados publicados nunca puderam ser replicados e eles recusaram a colaborar com outros cientistas.

Existe um protocolo ou código de conduta de cientistas que deve ser seguidos: “Sempre conhecer o que os outros pesquisadores estão fazendo. Expor suas ideias ao teste. Assimilar a evidência. Comunicar abertamente suas descobertas e experimentos a outros pesquisadores. Agir com integridade científica”.

A não observância por parte do cientista desse código significa incorrer a fraude ou a impostura científica.

No campo direito, vamos analisar a teoria da abdução de provas, o qual o procurador Dellagnol emprestou de seu professor orientador de Harvard Scott Brewer, para condenar o Presidente Lula. Esta análise tem como base as matérias postadas no jornal GGN e Brasil 247. (https://jornalggn.com.br/noticia/usada-no-triplex-tese-que-dallagnol-aprendeu-nos-eua-e-esdruxula).

“No caso, o procurador alega que o conjunto de indícios criado pelo MPF, num contexto em que provas cabais de culpa não foram encontradas, deve bastar para condenar Lula.” O que o Scott Brewer está fazendo é dizer que a simples abdução garante que aquela hipótese criada, que de repente é uma hipótese forte, é suficiente para você condenar o sujeito.”

Como dados para análise será utilizado os depoimentos pinçados das testemunhas da OAS.

Para isto, é necessário separar o que é fato das hipóteses, vamos aos fatos:

1º A dona Marisa Letícia possuía um cota de um apartamento da Bancoop que devido a falência não foi entregue.

2º Com a falência da Bancoop a OAS  ficou sob a responsabilidade de terminar o empreendimento.

3º No triplex foi instalado um elevador (custo 70 mil reais), armários na cozinha entre outras melhorias.

4º O casal Marisa Letícia e Lula visitaram o triplex 164A.

No depoimento de Leo Pinheiro ele diz que “foi orientado” a não colocar o apartamento à venda porque “pertenceria a Lula”.

1ª Hipótese:

Com a certeza de que o apartamento estava reservado a Lula e sua esposa, a OAS personalizou o triplex e também desse modo poderia finalizar a questão em aberto com a Bancoop.

Já a engenheira Mariuza Aparecida Marques, responsável por fiscalizar a obra no triplex, disse à Lava Jato que o imóvel e as melhorias colocadas estavam disponíveis para compra por “qualquer cliente”.

2ª Hipótese:

As melhorias que foram colocadas no intuito de valorizar o imóvel para atrair possíveis compradores.

No depoimento do responsável da reforma do tripléx o arquiteto da OAS Roberto Moreira Ferreira, que também acompanhou as visitas de Marisa e Lula ao triplex, negou que era de seu conhecimento que o imóvel já era do ex-presidente. Ele também levantou a hipótese que a OAS Empreendimentos trabalhava na reforma como se estivesse criando um apartamento modelo. Outro detalhe do depoimento que chama atenção é no momento que ele disse que “o mercado na região estava muito ruim e que as melhorias eram uma maneira de atrair clientes” (https://jornalggn.com.br/noticia/relembre-e-provavel-ouvi-o-boato-nao-comprou-mas-e-dono-as-perolas-da-lava-jato-no-caso-triplex).

3ª Hipótese:

É uma variação da segunda hipótese só que com um novo elemento. Com a reforma, o triplex poderia servir de modelo para os outros triplex que também estavam para ser vendidos. Também é possível, conforme afirma o arquiteto que como o mercado estava ruim, para OAS seria interessante “empurrar” o triplex para o Lula, como uma jogada marketing para poder comercializar as outras unidades que estavam a espera de compradores.

Como se vê à medida que analisamos os depoimentos é possível traçar várias hipóteses e cada uma delas pode ser verídicas. No campo das hipóteses, tudo é possível o que a valida neste caso são as provas.

Possuímos um Judiciário ineficiente e um dos mais caro do mundo senão o mais caro. É muita pobreza intelectual um procurador elaborar um powerpoint com base em uma teoria esdrúxula importada dos EUA e formular uma mera hipótese para ser aceito por um juiz para condenar alguém!

Certa feita o procurador Dellagnol ao ser perguntado na igreja por uma fiel qual era o seu futuro, ele respondeu: “talvez seja pastor”.

Pois bem a sociedade agradeceria muito se ele tomasse essa decisão para breve pois sendo assim, ela perderia um péssimo procurador, e a igreja ganharia um pastor cheio de convicções.

Muita das mazelas de nossa sociedade decorre da deformação de muito dos conhecimentos consagrados. A miséria da teoria causa danos irreparáveis para sociedade.

A sociedade exige que o engenheiro siga corretamente as normas técnicas independente das pressões do “mercado” por baixo custo, dos médicos exige qualidade no atendimento independente da pressão dos planos de saúde para redução da quantidade de exames. Dos cientistas que sigam os protocolos científicos. Dos membros do Judiciário que siga a Constituição, porque afinal, presunção da inocência e habeas corpus não serve só para “Barata” ,mas serve para Lula e para todos os cidadãos brasileiros!

 

 

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