Em conferência online, celebrando 16 anos da aliança, chefes de Estado analisaram desafios para 2021
Cuba e Venezuela anunciaram a criação de um banco de vacinas contra a covid-19 durante a 18ª cúpula da Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (Alba-TCP). Realizada nesta segunda-feira (14), a conferência celebrou os 16 anos do bloco e elegeu uma nova direção para o próximo período.
A criação de uma banco de vacinas entre Cuba e Venezuela destinado aos países membro da Alba-TCP foi anunciada pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro, que presidiu a reunião.
“Nosso primeiro desafio é enfrentar, controlar e vencer a pandemia. O segundo é a recuperação econômica, já que nossas economias foram devastadas pelas sanções do império norte-americano”, afirmou Maduro.
Financiado pelo banco da Alba, o repositório de vacinas atenderá prioritariamente aos oito países membros do bloco regional.
O presidente cubano Miguel Díaz-Canel assegurou que a ilha está disposta a oferecer cooperação tecnológica e científica a todas as nações que dependam de apoio para conter os contágios do vírus sars-cov2. Desde o início da pandemia, Cuba enviou milhares de profissionais de saúde a 53 nações através da Brigada Henry Reeve.
“Nós demonstraremos que há respostas para as tragédias do planeta. Nós demonstramos que o ser humano pode e deve ser melhor. Demonstramos o valor da consciência e da ética”, declarou Canel, parafraseando o líder da Revolução Cubana, Fidel Castro.
Cuba desenvolve quatro vacinas próprias. A Soberana 01 já esta em fase final de ensaios clínicos. Enquanto a Venezuela é o primeiro país da região a testar a vacina russa, Sputnik V, que promete 91% de eficácia contra a covid-19.
Maduro também anunciou a criação de mecanismos de cooperação para combater a pandemia e recuperar as economias da Alba-TCP em 2021. Para isso, o mandatário propôs a reativação do conselho econômico da Aliança e do processo de criação do sucre – moeda comum entre os países da Alba.
Sucessão
Sacha Lorentti, que foi embaixador da Bolívia na Organização das Nações Unidas (ONU), foi eleito novo secretário executivo da Alba-TCP, sucedendo David Choquehuanca, atual vice-presidente boliviano. “Responderei plenamente essa confiança. Recordamos que os países da Alba estão em sessão permanente de consulta para defender a independência, soberania e livre autodeterminação dos povos”, agradeceu.
Luis Arce retomou a participação oficial da Bolívia nesse encontro e declarou que fortalecer a Aliança era uma necessidade imperiosa e não uma opção.
Destacou que os novos governantes devem aprofundar as conquistas da chamada “década ganha” – período de ascensão de governos progressistas na América Latina, como de Evo Morales (Bolívia), Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador), Daniel Ortega (Nicarágua), Tabaré Vásquez (Uruguai).
“Nosso dever é seguir avançando para alcançar a unidade de nossos países e continuar a obra de nossos antecessores. Voltamos à Alba e reafirmamos nosso compromisso com seus princípios, que a posicionam como um instrumento revolucionário”, afirmou Arce.
O presidente nicaraguense, Daniel Ortega ressaltou que as recentes vitórias na Bolívia, com a retomada do Movimento ao Socialismo depois de quase um ano do golpe de Estado, e na Venezuela com o governante Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv) assumindo a ampla maioria dos assentos do parlamento são sinais de que a aliança está no caminho certo.
“Os povos da Alba seguem trabalhando pela paz, equilíbrio e solidariedade. Rumamos para a unidade latino-americana e caribenha”, afirmou Ortega acompanhado da vice-presidenta e primeira-dama Rosario Murillo.
História
Em 2004, Cuba e Venezuela lançaram a Alternativa Bolivariana para Nossa América como uma articulação entre governos e organizações de esquerda da região. Mais tarde, a Alba se consolidou entre oito Estados como Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (Alba-TCP).
Hoje compõem a aliança: Cuba, Bolívia, Equador, Venezuela, Nicaragua, Santa Lucia, São Vicente e Granadinas, Dominica, São Cristovão e Neves, Granada e Antígua e Barbuda.
O bloco foi fruto do movimento que derrotou a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), uma proposta dos Estados Unidos para submeter o comércio e produção de bens na América Latina de acordo às necessidades da Casa Branca. A medida foi derrotada, em 2005, durante a Cúpula das Américas realizada em Mar del Plata, Argentina.
Logo depois da vitória contra a Alca, as organizações sociais se mantiveram articuladas na rede Alba Movimentos, reunindo-se anualmente e mantendo uma sede da organização na capital Buenos Aires.
Fonte: Brasil de Fato