Se não bastassem os tapumes instalados no perímetro do local onde ocorreriam os discursos, para bloquear o acesso da população ao novo aeroporto, Bolsonaro exigiu que atiradores de elite se posicionassem no teto do terminal. Com medo do povo, o peselista isola-se em um crescente clima de tensão no país.
Presidente da República, o ex-deputado Jair Bolsonaro (PSL) reclamou, nesta terça-feira, que o governador da Bahia, Rui Costa (PT) teria impedido a presença da Polícia Militar (PM) na inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista. Após as ofensas do mandatário ao povo nordestino, Costa decidiu não comparecer à solenidade.
Assim como o governador Rui Costa (PT-BA), Paloma Rocha, uma das filhas de Glauber Rocha, cancelou participação na inauguração do aeroporto – a obra leva o nome do cineasta.
“Lamentável a decisão do governador da Bahia que não autorizou a presença da Polícia Militar para a nossa segurança. Pior ainda, passou a responsabilidade de tal negativa ao seu Comandante-Geral”, escreveu Bolsonaro, em uma rede social, horas antes da inauguração.
Resposta
Se não bastassem os tapumes instalados no perímetro do local onde ocorreriam os discursos, para bloquear o acesso da população ao novo aeroporto, Bolsonaro exigiu que atiradores de elite se posicionassem no teto do terminal. Com medo do povo, o peselista isola-se em um crescente clima de tensão no país.
No início desta tarde, o governador Rui Costa respondeu a Bolsonaro.
— Eu não posso colocar a Polícia Militar pra espancar o povo baiano que quer conhecer o aeroporto. Está cheio de pessoas do Exército e da Força Aérea lá. Quem é impopular e tem medo de ir para as ruas fica em seu gabinete. Se o evento é exclusivamente federal as forças federais que cuidem do presidente — afirmou Costa, em entrevista à rádio soteropolitana Metrópole.
Ofensas
As agressões de Bolsonaro também receberam críticas do ex-governador Jaques Wagner (PT), hoje senador pela Bahia.
— Ele acha que governar é arrumar briga. Tem sido um frasista infeliz e um presidente deplorável. Só destila preconceito e ódio — afirmou o parlamentar petista.
Na segunda-feira, o governador da Bahia anunciou que não iria comparecer à inauguração do aeroporto de Vitória da Conquista e acusou Bolsonaro de ter agredido e ofendido o povo baiano. Costa afirmou que o Palácio do Planalto passou a controlar o evento e restringir a entrada da população.
Negativa
A visita de Bolsonaro à Bahia ocorre na esteira de uma crise criada pela fala do presidente em uma conversa com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, antes de iniciar um café com jornalistas estrangeiros, na sexta-feira passada. Sem perceber que o microfone estava captando a conversa, Bolsonaro disse:
— Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão; tem que ter nada com esse cara.
Nas entrevistas que se seguiram, Bolsonaro tentou negar que tivesse chamado os nordestinos de “paraíbas”, uma forma pejorativa de se referir às pessoas da região. Primeiramente, pelo Twitter, afirmou que apenas havia dito “daqueles governadores”. Depois, garantiu que estava criticando “apenas” os governadores do Maranhão e da Paraíba.
‘Pau-de-arara’
No final desta tarde, os governadores do Nordeste iniciaram, em Salvador, um encontro para divulgar medidas do consórcio que criaram em março. As declarações de Bolsonaro voltaram a receber críticas de Costa.
— Não esperava na vida ver um presidente falar tanta baixaria. E como um presidente brinca com o tamanho da cabeça de um ministro para dizer que ele pode ser do Nordeste? — questionou o governador.
Em outra rede social, Bolsonaro perguntou ao ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, se ele tinha “parente pau-de-arara”.
— Com essa cabeça aí, tu não nega, não — disse Bolsonaro, em uma gargalhada.