Apesar da suspensão, manifestações continuam no país; toque de recolher foi decretado
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, anunciou na noite deste sábado (19/10) a suspensão do aumento na tarifa do metrô, após protestos em diversos pontos do país que foram fortemente reprimidos pela polícia.
“Escutei com humildade a voz de meus compatriotas e não terei medo de seguir escutando esta voz. Vamos suspender o aumento nas passagens do metrô”, disse o presidente.
Entretanto, apesar do recuo do governo com relação ao preço do transporte, os chilenos continuam nas ruas protestando contra o atual presidente.
Neste domingo (20/10) o país amanheceu sob um toque de recolher em várias cidades instituído pelo governo em conjunto com as Forças Armadas. Mais de 10 mil soldados foram deslocados a Santiago, Valparaíso e Concepción, onde foram registrados episódios de repressão contra manifestantes.
Além disso, pelo menos três pessoas morreram na madrugada deste domingo durante protestos. As vítimas foram encontradas no interior de um supermercado que foi incendiado em Santiago. Segundo a governadora da cidade, Karla Rubilar, duas pessoas morreram no local e a terceira chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Renúncia
Ainda neste sábado, o presidente do Partido Comunista do Chile, o deputado Guilermo Teillier, chegou a pedir a renúncia do presidente afirmando que, se Piñera não pode governar, “o melhor seria que renunciasse e chamasse novas eleições”.
“O presidente deve suspender o Estado de Emergência agora, porque o povo já não acredita nele. Tenho a impressão de que o povo não tem medo, não teme a repressão. Então, se ele [Piñera] está renunciando governar, […] o melhor seria que renunciasse e chamasse novas eleições agora que o povo, com o sentimento que tem no dia de hoje, escolha um novo governante”, disse o parlamentar.
Um passo atrás
Um Piñera não é o primeiro presidente sul-americano a recuar diante da reação popular. No Equador, o presidente Lenín Moreno teve de recuar de forma humilhante, após protestos generalizados no Equador devido ao tarifaço dos combustíveis.
Depois de anos de governos progressistas em que a América do Sul experimentou grandes avanços sócio-econômicos, os governos de direita que vieram em substituição, implantaram à ferro e fogo políticas neoliberais que já haviam fracassado anteriormente. Agora estão enfrentando a fúria popular. Qual país será o próximo?