Bolsonaro: Idiotização do brasileiro em Estágio Avançado

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Edu Montesanti

Recente estudo encomendado pela organização Avaaz à IDEA Big Data, tratou de responder de maneira empírica por que a lista de gritantes contradições entre eleitores de Jair Bolsonaro é tragicomicamente interminável, prevalecendo a raivosa irracionalidade: 98,21% dos eleitores do capitão da reserva tiveram contato com notícias falsas durante o pleito, dos quais 89,77% acreditam que são verdadeiros os boatos.

Realizada entre 26 e 29 de outubro, a pesquisa foi realizada com 1.491 pessoas em todo o País. “As fake news devem ter tido uma influência muito grande no resultado das eleições, porque as histórias tiveram alcance absurdo”, disse o coordenador de campanhas da Avaaz, Diego Casaes em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.

Vale ressaltar que, em geral, as notícias falsas que inundaram impunemente o “País da faxina moral através do combate a corrupção” (e os eleitores do Bolsonaro também acreditam raivosamente nisso) em nada foram criativas a ponto de se necessitar um mínimo uso da inteligência para perceber a falsidade no conteúdo das “notícias”. Por exemplo, que Fernando Haddad, quando ministro da Educação, havia distribuído nas creches mamadeiras com bico em forma de pênis aos pequeninos brasileiros.

Se surpreende algumas almas que o destino do Brasil tenha sido decidido por mentiras tão “mal-criadas”, a ponto de colocar no Palácio do Planalto um indivíduo do nível intelectual e moral sofrível como o de Bolsonaro, outro empirismo explica o “fenômeno de patologia política destas proporções”, nas recentes palavras do sociólogo Michäel Löwy no Pravda Brasil, que representa a eleição do presidenciável de extrema-direita apostando na excessiva ignorância da Nação geral.

Nas provas internacionais do Pisa que avaliam habilidades em leitura, matemática e ciências, realizadas a cada três anos, o Brasil que historicamente ocupa os últimos lugares mundiais em termos de desempenho dos alunos, tem despencado ainda mais.

Nos exames de 2015, entre 70 países participantes o Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática. A amostra brasileira contou com 23.141 estudantes de 841 escolas, que representam uma cobertura de 73% dos estudantes de 15 anos.

Se não bastasse mais esta vergonha internacional, 4,38% dos alunos brasileiros ficaram abaixo até do nível mais baixo no qual a OCDE determina habilidades esperadas para os estudantes em ciências. Em leitura e matemática, esse índice foi de 7,06% e 43,74%, respectivamente. 61% não terminaram primeira parte do Pisa; entre finlandeses, são 6%, e entre colombianos, 18%.

Diante disso, era de se esperar que vencesse o pleito presidencial um professor universitário, economista, advogado, filosofo e cientista político, ou um milico brucutu “convidado a se retirar” do Exército depois de ter tentado explodir bombas nas dependências de sua instituição, por questões salariais ao mesmo tempo que ameaçava de morte uma jornalista, e mandava espancar o colega que panfletava em favor da esposa candidata à vereança carioca?

Enfim, em nome da religião, de Deus, dos bons costumes, da liberdade e da moral, 57 milhões de seres que em geral nem sequer são capazes de localizar a Venezuela no mapa, elegeram tudo aquilo que condenam – falsamente, no outro.

O profundo estado de dormência intelectual e a hipocrisia não permitem enxergar-se no espelho – o que vale, igualmente, aos petistas: a provinha do Pisa, mencionada mais acima, deu-se em 2015… Quando era proibido apontar o catastrófico nível educacional e a despolitização brasileira argumentando que, logo, dar-se-ia com os burros do poder n’água, sob também raivoso e agressivo patrulhamento petista. Alguém se lembra de todo o forte vento semeado pelos, então, donos do poder?

O Brasil colhe suas justas tempestades hoje. Não se poderia esperar outra coisa de nossa gente. Tanto quanto apenas um perfeito idiota pode esperar democracia, liberdade e estabilidade de um regime Bolsonaro.

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