Bolsonaro indicou na sexta-feira (5) que irá demitir seu ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, durante um café da manhã para a imprensa.
Com a impopularidade crescendo rapidamente, Bolsonaro reuniu diretores de jornais e repórteres de TV no Palácio do Planalto. Isso após dirigir impropérios e hostilizar a imprensa desde que assumiu.
Segundo Bolsonaro, o caso de Vélez pode ser resolvido nesta segunda-feira (8). “Está bem claro que não está dando certo. É uma pessoa bacana, honesta, mas está faltando gestão, que é uma coisa importantíssima. Vamos tirar a aliança da mão esquerda e pôr na mão direita ou na gaveta”, criticou, como se ele não tivesse nada a ver com essa “canelada”.
Ele falou ainda que Vélez poderá ser reaproveitado em outra pasta, mas não disse onde seria. “Quem decide sou eu. Segunda é o dia do fico ou não fico. A situação da educação será resolvida”, esclareceu ele.
Informado das declarações de seu chefe, Vélez Rodriguez negou que irá entregar o cargo. “Insustentável por quê? A única coisa insustentável é a morte”, afirmou Vélez, que estava participando do 18º Fórum do Grupo de Líderes Empresariais (Lide), em Campos do Jordão (SP).
Vélez foi uma indicação do guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho. Questionado sobre a influência de Olavo no MEC, Bolsonaro saiu em socorro do seu guru e disse que isso não existe. “Tem pouca gente do Olavo na Educação”, declarou.
O MEC vive crise atrás de crise, com disputa entre olavistas e militares. Já houve mais de 15 exonerações em três meses. O ministro tornou-se alvo de Olavo de Carvalho e seus seguidores, que o acusam de traição.
Por sua vez, Vélez contribuiu para colocar o ministério nas páginas dos jornais. De forma negativa. Enviou uma carta para as escolas determinando que os diretores filmassem os alunos, cantando o Hino Nacional, e enviassem para o MEC. Além da determinação ser abusiva, é proibido filmar crianças sem autorização dos pais.
Na carta enviada havia uma mensagem que, segundo Vélez, deveria ser lida para os alunos na solenidade. A mensagem terminava com um slogan de campanha de Bolsonaro.
Foi Vélez também quem disse que os brasileiros no exterior são como “canibais”, roubam tudo dos hotéis em que se hospedam.
O ministro declarou ainda que “a ideia de universidade para todos não existe” e que “as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do país]”.
Além de anunciar a possível demissão do seu ministro da Educação para jornalistas no café da manhã, Bolsonaro procurou justificar a ausência de governo. “Desculpem as caneladas. Não nasci para ser presidente, nasci para ser militar”, falou para os jornalistas. Depois, explicando a frase, disse que “tem que se virar para não ser engolido”.
“Às vezes me pergunto, meu Deus, o que fiz para merecer isso? É só problema”, declarou em outro evento no mesmo dia, fazendo-se de vítima. Segundo ele, não tem qualquer ambição e que não lhe “sobe à cabeça” o fato de ser presidente.
Do HP