As empresas europeias podem se recusar a pagar o gás russo em rublos, mas isso pode levar a uma interrupção no fornecimento, disse o vice-diretor do National Energy Security Fund (NESF), Aleksey Grivach. Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin anunciou que países hostis devem pagar o gás russo em rublos.
“Os contratos, claro, mudam por acordo mútuo das partes ou por exigências legais dos reguladores. Por exemplo, a pedido da Comissão Europeia (CE), muitos parâmetros de contratos de longo prazo foram alterados. E a Gazprom é obrigada a solicitar uma mudança na moeda de pagamento em conexão com as diretrizes do governo russo, ou seja, o regulador”, diz Alexei Grivach. Ele acredita que as contrapartes podem ter a oportunidade de recusar, “mas isso pode levar à rescisão do contrato e, consequentemente, à cessação do fornecimento de gás”.
A transferência dos pagamentos do gás russo na Europa para rublos é uma das respostas à guerra de sanções desencadeada pelos Estados Unidos contra a Rússia, observa o vice-diretor da NESF.
“Uma das principais punições nele é o bloqueio do trabalho no sistema financeiro ocidental, atrelado ao dólar. Como a maioria dos cálculos de energia no mundo”, diz Alexey Grivach. Ele acredita que, para a Rússia, manter os pagamentos em dólares é um risco, pois a qualquer momento o recebimento de fundos pode ser bloqueado. A transferência de acordos em rublos é uma oportunidade de contra-atacar o sistema do dólar como tal.
“E, em geral, vemos que não só a Rússia faz isso, mas também outros países que perceberam as ameaças do sistema financeiro centrado no dólar”, diz o vice-diretor da NESF.
Conforme noticiado, o presidente russo instruiu o governo a orientar a Gazprom a transferir empresas de países hostis para o pagamento do gás em rublos russos. Todos os outros termos dos contratos – fórmulas de preços e volumes de fornecimento – permanecem os mesmos, disse Vladimir Putin. Ele acrescentou que os clientes da Gazprom poderão comprar rublos no mercado doméstico da Rússia de acordo com um mecanismo que o governo e o Banco Central devem desenvolver dentro de uma semana.
Os mercados reagiram imediatamente à declaração do presidente russo. O rublo se fortaleceu em relação ao dólar, o gás na Europa subiu para US$ 1.400 às 18h, horário de Moscou, e as cotações do petróleo voltaram para US$ 120 por barril.
O presidente russo tomou a decisão às vésperas da cúpula da OTAN na Europa, que contará com a presença do presidente dos EUA, Joe Biden. Segundo a mídia americana, ele pode propor aos países da UE que imponham um embargo aos recursos energéticos da Rússia, mas eles se opõem, exceto a Polônia. De acordo com as estimativas da Agência Internacional de Energia, das entregas russas de 150 bilhões de metros cúbicos por ano, a União Europeia não poderá substituir mais de um terço este ano.
A decisão de Vladimir Putin também pode ser devido ao fato de que o Ocidente continua a impor novas sanções contra a Rússia, não interrompe o fornecimento de armas à Ucrânia e, de fato, está tentando atrapalhar a operação especial da Rússia na Ucrânia.
Todos os dias, a União Europeia recebe cerca de US$ 350 milhões em gás da Rússia, e a transferência das transações em rublos fortalecerá a moeda russa. Além disso, pode forçar a União Europeia a normalizar as relações financeiras com a Rússia.