O general Hamilton Mourão expôs abertamente o status de sua relação com Jair Bolsonaro e escancarou a guerra no interior do governo. Ele revelou ao jornal O Globo que Bolsonaro não conversa com ele desde as eleições: “As únicas vezes que o presidente conversou comigo foram durante a campanha eleitoral”. O fato de ela ser feita num dos veículos da família Marinho, com quem o clã Bolsonaro está em confronto declarado acentua ainda mais o caráter crítico da relação entre o vice-presidente e o bolsonarismo. Na entrevista, Mourão colocou-se como alguém capaz de exercer um “pode moderador”.
Numa sinalização direta ao clã Bolsonaro, Mourão deixou claro que é inamovível de seu cargo: “Na minha visão, o vice-presidente é uma pessoa permanente no governo. Ele só sai se ele pedir para sair. Os ministros poderão ser trocados eventualmente”. Nas últimas semanas, os filhos de Bolsonaro têm estocado Mourão diuturnamente, como se ele pudesse ser afastado do governo. O general já avisou: não sai.
Na introdução à entrevista, os jornalistas Eduardo Bresciani , Jussara Soares, Karla Gamba e Paulo Celso Pereira destacaram que “no estilo que vem lhe dando notoriedade, Mourão não fugiu de assuntos polêmicos, nem escondeu a contrariedade com o presidente Jair Bolsonaro em relação a alguns temas”
Sobre o perfil moderador com que se apresenta, Mourão disse: “Cada um de nós tem o seu estilo de agir. O presidente Bolsonaro tem o estilo dele, característico. Ele construiu uma vida política de 30 anos em cima disso aí. É totalmente diferente de mim. Eu tive uma vida dentro do Exército, ocupei funções que me exigiram lidar com uma gama de pessoas totalmente distintas, comandei muita gente, então me leva a ter um estilo diferente de lidar. Não é uma questão de um é o antípoda do outro, como fica querendo ser caracterizado. Muito pelo contrário. Ele tem uma experiência e eu tenho outra, que se retrata depois na forma como a gente conduz.”
Sobre a relação dele com Bolsonaro, o general pontuou: “as únicas vezes que o presidente conversou comigo foram durante a campanha eleitoral. Obviamente porque eu não sou político, então o que tenho que falar, pego e falo. Eu falei determinadas coisas e, para quem está concorrendo, determinadas verdades não podem ser ditas. Foi aí que ele me disse assim: “Você não entende de política, então vai por mim que você vai bem.”
Do 247