Independente do desfecho da greve dos caminhoneiros é possível tirar algumas conclusões sobre o movimento e a política de reajuste de preços da Petrobrás.
A dependência do país no transporte de carga por rodovia e potencial da greve para derrubar governos.
O transporte de carga rodoviário é o mais utilizado no Brasil, sendo o país um dos mais dependentes desse tipo de transporte para a carga. A greve atual tem um componente diferente daquele enfrentada pela presidenta Dilma Roussef.
A greve de 2015, apesar das reivindicações de redução no preço no diesel e do pedágio, além do tabelamento dos fretes e mudanças na legislação que flexibilizavam a jornada de trabalho, foi no fundo uma greve política em que muitos donos de empresa fizeram lockout para desestabilizar o governo, que naquele momento já estava cambaleante.
Uma coisa é certa, com a dependência do país no transporte de carga por rodovia, qualquer greve no setor do transporte rodoviário tem o potencial de derrubar qualquer governo.
O país não pode ficar refém de um setor cartelizado, independente do tipo de governo, seja de esquerda ou de direita.
Será preciso rever a política de concessões das ferrovias. O resgate da Rede Ferroviária Federal via desprivatização para o transporte de carga e passageiros á longa distancia é uma tarefa necessária e urgente.
Soberania nacional x Privatização
Uma das primeiras medidas do governo golpista ao assumir o poder, foi providenciar a mudança no modelo partilha do petróleo para o modelo de concessão.
No modelo de partilha, a maior parte do óleo era do Estado brasileiro. Portanto, do povo brasileiro e a parte menor era destinado para os exploradores. Na partilha, 70% do óleo ficavam para a União e 30% para as empresas.
No governo Lula-Dilma, o modelo do pré-sal foi planejado de forma que o Brasil tirasse o maior proveito das riquezas naturais, que agora, com a mudança promovida por Michel Temer, acabaram nas mãos das petrolíferas estrangeiras.
Nesse momento de alta do petróleo devido as turbulências no Oriente Médio, se houvesse a continuidade do modelo adotado até então, representaria um grande alivio para os estados endividados, pois os royalties de petróleo tinha uma destinação estabelecida por lei:
A parte maior, em torno de 75%, ficaria para a educação e em torno de 25% seria destinado para a saúde. Era uma espécie de passaporte para o futuro, que não tem no modelo de concessão.
Com a entrega do pré-sal praticamente de graça para as multinacionais de petróleo, no exato momento em que houve a disparada nos preços do mercado internacional, o barril já está sendo negociado a US$ 80 o barril e há previsão que chegue a US$ 100 em 2019.
Infelizmente o Brasil não poderá se beneficiar com essa alta, porque o governo do golpista está entregando o pré-sal na bacia das almas, praticamente de graça para as grandes petroleiras internacionais.
As petroleiras arremataram os campos de exploração no valor aproximado de US$ 1 dólar o barril e poderão vender o petróleo até por US$ 100 o barril. Os bilhões arrecadados com os leilões vão quase todos para os bancos e os rentistas, alimentando o pagamento dos juros da dívida pública.
Outra medida de impacto do governo golpista em sintonia com a mudança da exploração de petróleo e com o desmonte do Estado foi aprovação da PEC 241 (proposta de emenda da constitucional) ou PEC 55, dependendo da Casa legislativa (Câmara federal/Senado), que congela as despesas do Governo Federal com a saúde e a educação, com cifras corrigidas pela inflação, por até 20 anos.
Mas porque congelar via emenda constitucional os investimentos em saúde e educação se havia um meio de financiamento via os royalties da partilha do pré-sal?
É simples, os golpistas tinham que remunerar os seus financiadores do golpe. E golpe custa dinheiro, e muito!
Toda aquela mobilizações de coxinhas, movimento MBL, o pato do Paulo Skaf da Fiesp, a compra de votos de deputados e senadores no impeachment da presidenta Dilma, e o silêncio dos ministros do STF, tem preço!
O preço foi a entrega do pré-sal para as multinacionais e tendo como gerente de toda essa patranha o presidente da Petrobrás o Pedro Parente, um profissional do Mercado!
Mudança da política de preços
A partir do dia 3 de julho 2017, a Petrobras adotou uma política que prevê reajustes com mais frequência, inclusive diariamente, nos preços dos combustíveis vendidos nas refinarias. De acordo com a estatal, a ideia da nova política é repassar as variações do dólar e do petróleo no mercado internacional e, com isso, competir “de maneira mais ágil e eficiente”. Ou seja, tudo para remunerar de forma eficiente a agiotagem internacional!
Evidentemente com toda a razão os donos de transportadoras e os caminhoneiros autônomos dizem ser impossível fazer uma cotação do preço do frete diante desses aumentos de combustível quase diário!
Na outra ponta, e como ficam os taxistas, os proprietários de vans escolares e o cidadão comum que vive na economia do real com a gasolina reajustada em dólar?
Há que se manter este tipo de política nos preços dos combustíveis, toda a cadeia produtiva será contaminada por esta dolarização forçada. E mesmo com toda essa recessão, as empresas serão obrigadas a repassarem os aumentos dos combustíveis nos produtos comercializados!