Com se não bastasse os problemas originados com críticas em relação a China pelo twitter, com o Egito e todos os países árabes devido a afirmação que mudaria a embaixada do Brasil em Israel para Jerusálem agora é a vez de Cuba. Após críticas de Bolsonaro ao governo cubano e as dúvidas levantadas sobre a qualidade de seus médicos participantes do programa “Mais médicos”, Cuba decide cancelar o convênio.
Nestes cinco anos de trabalho, perto de 20 mil colaboradores cubanos ofereceram atenção médica a 113 milhões 359 mil pacientes, em mais de 3 mil 600 municípios, conseguindo atender eles um universo de até 60 milhões de brasileiros na altura em que constituíam 88 % de todos os médicos participantes no programa. Mais de 700 municípios tiveram um médico pela primeira vez na história.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, classificou de digno, profissional e altruísta o trabalho desenvolvido por profissionais cubanos no Programa Mais Médicos, no Brasil. As autoridades cubanas anunciaram (14) a saída de seus profissionais do programa.
Em mensagem publicada em sua conta no Twitter (@DiazCanelB), o presidente cubano pediu respeito e defendeu os serviços de seus especialistas no Brasil, após questionamento do presidente eleito Jair Bolsonaro, que, segundo ele, fez referências diretas, depreciativas e ameaçadoras sobre a presença dos médicos cubanos.
‘#Mais Médicos Com dignidade, profunda sensibilidade, profissionalismo, entrega e altruísmo, os colaboradores cubanos prestaram um valioso serviço ao povo do #Brasil. Atitudes com tal dimensão humana devem ser respeitadas e defendidas. #SomosCuba’, tuitou Díaz-Canel.
O Ministério de Saúde Pública de Cuba anunciou, nesta quarta-feira, que não continuará no Programa Más Médicos, ante os condicionamentos expostos pelo presidente eleito Jair Bolsonaro para os profissionais cubanos.
Em nota, o ministério explicou que a saída do programa já foi comunicada à diretoria da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e aos líderes políticos brasileiros que idealizaram o Mais Médicos, que proporcionava serviços de saúde à população pobre do Brasil.
De acordo com o texto diz que Bolsonaro, com referências diretas, depreciativas e ameaçadoras sobre a presença dos profissionais cubanos no Brasil, declarou e reiterou que modificará termos e condições do Mais Médicos em desrespeito à Organização Pan-Americana da Saúde e ao que foi conveniado pela Opas com Cuba.
No comunicado, o ministério lembra que Bolsonaro questionou também a preparação dos profissionais cubanos e condicionou sua permanência no programa à revalidação do diploma e apenas por meio de contratação individual.
“As modificações anunciadas impõem condições inaceitáveis e descumprem as garantias acordadas desde o início do programa, que foram ratificadas em 2016 com a renegociação do Termo de Cooperação entre a Organização Pan-Americana da Saúde e o Ministério da Saúde do Brasil e o convênio de cooperação entre a Organização Pan-Americana da Saúde e o Ministério de Saúde Pública de Cuba’, diz ainda o comunicado.
Para o ministério, as condições expostas pelo presidente eleito do Brasil impossibilitam a presença de profissionais cubanos no Programa Mais Médicos.
O Ministério de Saúde Pública reiterou o compromisso de Cuba com os princípios solidários e humanistas que, durante 55 anos, nortearam a cooperação médica cubana.
De acordo com a pasta, a iniciativa da então presidenta Dilma Rousseff, da qual Cuba participa desde 2013, tinha o propósito de assegurar atendimento médico ao maior número possível de brasileiros em conformidade com o princípio de cobertura sanitária universal defendido pela Organização Mundial da Saúde.