Em resposta a operação de busca e apreensão deflagrada na manhã de terça-feira da polícia federal em endereços ligados ao presidente do PSL Luciano Bivar, em atitude possivelmente inédita no período pós-ditadura, o PSL, partido do presidente Jair Bolsonaro, decidiu nesta terça-feira 15 obstruir a votação da Medida Provisória 886/19, que tem como objetivo reformar administrativamente a Secretaria de Governo e a Casa Civil.
Assim, o PSL se juntou a PT, PSOL, PSB e PCdoB na obstrução.
A articulação partiu do líder do PSL na Câmara, delegado Waldir (GO).
A MP tenta, entre outras medidas, tirar a articulação política da Casa Civil, de Onyx Lorenzoni (DEM), e passá-la para a Secretaria de Governo, do general Luiz Eduardo Ramos. Também determina que a Subchefia para Assuntos Jurídicos (SAJ) deixe a pasta e passe a integrar a Secretaria-Geral da Presidência.
Reportagem do Globo revela que, no Plenário, deputados do PSL ficaram perplexos diante da estratégia de Waldir.
“O PSL orienta obstrução”, foi o que disse Waldir. Na sequência, deu um tapinha nas costas do líder do governo, Major Vitor Hugo (PSL-GO).
Se não for votada até quinta-feira, perde a validade.
Em seu blog, o jornalista Kennedy Alencar comentou o inusitado caso:
Pode ser uma falha da memória deste repórter, mas é inédito nas últimas três décadas o que aconteceu hoje na Câmara dos Deputados: o líder do partido do presidente da República se aliou à oposição para obstruir a aprovação de uma medida provisória editada pelo governo.
No governo Sarney, havia rusgas entre o MDB e o presidente. Ulysses Guimarães, presidente do MDB e da Câmara, viveu momentos tensos com o então presidente da República. José Sarney deixou o PDS (antiga Arena, partido da ditadura militar de 64) para entrar no MDB com a morte de Tancredo Neves.
(…) Como se diz em Minas Gerais, parece tempo de vaca não reconhecer bezerro. No PSL, está estabelecido um tiroteio.
Fonte: Conversa Afiada