Milhares de pessoas realizaram uma enorme marcha até o Ministério de Desenvolvimento Social, em Buenos Aires, na quarta-feira, 28.
Com a consigna “Urgência para enfrentar a fome”, os movimentos sociais protagonizaram uma nova jornada de luta, exigindo que o governo aumente o salário, controle a inflação e pratique uma política para criar empregos que diminuam a pobreza e o abandono de milhares de famílias, entre outras medidas de proteção frente a subida do preço dos alimentos. O protesto unificou a praticamente todas as organizações sociais.
O Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina, Indec, divulgou no início deste mês pesquisa mostrando que no primeiro trimestre de 2019 a pobreza no país atingiu 34,1% e a indigência chegou a 7,1% da população. No primeiro trimestre do ano passado, o índice indicava 25,5% dos argentinos em situação de pobreza.
Desde as dez da manhã, a mais larga avenida da capital argentina, a 9 de Julio, ficou lotada. A Confederação de Trabalhadores da Economia Popular, CTEP, Somos Bairros de Pé, a Corrente Classista e Combativa e a Frente Darío Santillán, que são as organizações de maior capacidade de mobilização, junto com o movimento sindical, pararam a cidade com o apoio de todos os comerciantes e pessoas que circulavam pelas ruas.
“Foi uma jornada contundente. Em todo o país estamos nos manifestando para visibilizar a fome e a falta de trabalho. Necessitamos já a declaração de Emergência Alimentar; necessitamos que esta crise não continue aumentando porque os danos sociais são muito profundos e o único caminho para freia-los são políticas concretas para gerar trabalho e para garantir o acesso aos alimentos da cesta básica para todas as famílias”, disse Gildo Onorato, dirigente do Movimento Evita que reúne amplos setores do peronismo.
Os manifestantes exigiram ainda o pagamento de um bônus aos integrantes de cooperativas e o aumento das aposentadorias e pensões mínimas.
Esteban Castro, dirigente da CTEP, explicou que o protesto está enfocado em conseguir respostas para a emergência. Por exemplo, na sexta-feira, 30, o órgão governamental Conselho do Salário deve definir o novo valor do salário mínimo, vital e móvel. Dele depende quanto subirá o salário social complementar, que os integrantes das cooperativas sociais recebem, com um piso da metade de um salário mínimo.
“O salário social não é um plano, é o complemento salarial que um setor de nosso povo que não está trabalhando nos marcos da formalidade, mas que trabalha em situação extremamente precária e não pode morrer de fome, necessita. Temos milhares de companheiros, sobretudo mulheres, sustentando refeitórios populares. Eles estão salvando a vida de milhares de crianças dando de comer a elas todos os dias, e só algumas de nossas companheiras recebem uns poucos pesos. Enquanto isso, em um país que produz milhões em alimentos, os grandes exportadores sequer têm que prestar contas aqui dos dólares que ganham; e não são capazes de garantir a alimentação para o nosso povo”, assinalou Castro.