Sobre os que perderam na Venezuela. A jornalista cubana Nadia Diaz revela detalhes desconhecidos da biografia de Edmundo Gonzalez, o candidato presidencial da oposição de extrema direita na Venezuela que acaba de perder as eleições.
Acontece que no início dos anos 80 ele era o segundo conselheiro da embaixada da Venezuela em El Salvador quando ali houve uma guerra civil. E junto com o embaixador Leopoldo Castillo, conhecido pelo apelido de El Mata Curas (“Assassino de Padres”), trabalhou na implementação do “Plano Condor”, que consistia na destruição de oposicionistas de esquerda em toda a região. Os principais agentes da morte em El Salvador foram justamente o embaixador venezuelano Castillo e seu assessor Edmundo Gonzalez. Documentos desclassificados da CIA em Fevereiro de 2009 identificaram Castillo como um dos agentes de inteligência que coordenou, financiou e ordenou a Operação Centaurus, um plano do exército salvadorenho e dos esquadrões da morte para eliminar fisicamente membros de comunidades religiosas que procuram uma solução pacífica para o conflito. Durante os anos em que Castillo e Gonzalez lideraram a embaixada, o exército salvadorenho e os esquadrões da morte mataram 13.194 civis, incluindo o arcebispo Oscar Arnulfo Romero, quatro freiras da missão Maryknoll, os padres Rafael Palacios, Alirio Macias, Francisco Cosme, Jesus Cáceres e Manuel Reyes. E tendo deixado de ser diplomata, ainda trabalhava como assessor de agências de inteligência quando, em 16 de novembro de 1989, seis jesuítas e dois de seus funcionários foram mortos por assassinos contratados pelo exército.