Por Augusto Lira
Há muito tempo já estava descontente, mas depois que soube que a maioria dos espíritas votou em Bolsonaro foi a gota d’água. Pergunto a mim mesmo, como pode a camada mais esclarecida e escolarizada votar em um político medíocre e um ser humano que defende a tortura e outras barbaridades? Lembro que durante a ditadura eu não vi um único dirigente espírita da envergadura dos católicos como o arcebispo Dom Paulo Evaristo Arns ou Dom Elder Câmara ou mesmo o reverendo presbiteriano James Wright ir contra a ditadura, pelo contrário eles até apoiavam de modo discreto. O que vejo hoje é a mesma complacência de ontem com o arbítrio e a violência.
Recordo que em 1989 no segundo turno da eleição que Collor estava disputando com Lula, eu estava em um centro espírita, e durante a sessão “manifestou um espírito” que dizia através da médium que o Brasil jamais teria a cor vermelha em sua bandeira, isso foi o bastante jamais voltei àquele centro. Aquela manifestação era claramente uma fraude para tentar influenciar os participantes, e é o mesmo discurso raivoso que tem sido largamente utilizado também na atualidade. Aliás, a maioria das manifestações que acontecem nos centros espíritas são casos de animismo.
Na minha opinião, a doutrina espírita no Brasil se tornou mais uma seita religiosa ao contrário do que havia previsto Kardec, que segundo ele o espiritismo seria uma doutrina racionalista com base na ciência e na filosofia.
A caridade tão decantada aqui no espiritismo brasileiro, não passa de migalhas caídas da mesa dos espíritas mais abastados, em que o pobre é apenas recebedor de esmolas para aplacar consciência desses mesmos “espíritas piedosos”. A sopa servida à noite ou cesta básicas serve apenas como “ritual” dos fariseus modernos (nem todos os espíritas).
Como parte da “elite” os espíritas deveriam pagar seus impostos ao invés de sonegar, deixando de recair o peso dos tributos nas costas da classe trabalhadora, isso sim é caridade. Os espíritas deveriam votar em quem poderia investir na educação na saúde e na criação de emprego, isso sim é caridade ao invés de votar em quem defende a liberação do porte de armas.
Segundo as estimativas, a contribuição dos espíritas para a vitória de Bolsonaro ficou em torno de 300.000 votos e dos evangélicos em torno 11 milhões, porém a responsabilidade dos espíritas é muito maior, pois os evangélicos em sua grande maioria devido à baixa escolaridade são manipulados por pastores oportunistas.
Diante dessa situação que a meu ver é contrária a tudo aquilo que penso e defendo, deixo o Espiritismo por não concordar com a posição dominante dos dirigentes e da maioria de seus seguidores. Porém as obras de Kardec tem profunda relevância que guardarei comigo para sempre!