Putin com a intervenção na Ucrânia evitou que num futuro próximo houvesse a terceira guerra mundial, com todas as consequências, que todos nós sabemos de cór
Por Mark Kim
A situação poderia ser resolvida de uma maneira pacífica, se não fosse a intransigência de Kiev, em não cumprir o acordo de Minsk. Eles tiveram oito anos para implementá-lo mas foram deixando o tempo passar, orientados ou mandados pela embaixada americana.
Em linhas gerais o acordo previa o seguinte:
- O fim da hostilidade da Ucrânia e as repúblicas separatistas de Lugansk e Donetsk.
- Alteração da Constituição, permitindo maior autonomia para essas repúblicas, ou seja, a Ucrânia passaria ser uma república federativa.
- A Ucrânia teria um status de neutralidade, ou seja, jamais poderia ingressar na Otan.
Mas, nada disso foi feito. Kiev acreditou até o último momento que seria aceita na Otan.
A estratégia de Kiev parecia que ia dar certo. A ajuda militar recebida da Otan, reequipou o desmoralizado exército ucraniano com armas modernas e também é claro, contou com a forte assistência dos conselheiros militares.
Isso deu enorme injeção de confiança, levando as lideranças militares ucranianas a acreditar que poderiam liquidar de vez com as revoltas no leste da Ucrânia. E assim neste oito anos de atividades intensas, palmo a palmo foram retomadas várias regiões dos separatistas, com as tropas ucranianas chegando bem perto de suas capitais. A população russófona que a princípio receberam com grande entusiasmo as milícias separatistas que avançavam liberando suas cidades e vilas, experimentaram o gosto amargo das perseguições dos militares e dos grupos nazista, principalmente dos batalhões de Azov. Mariupol e Odessa são exemplos da selvageria dos Ukronazis. Lembram das 42 pessoas queimadas vivas em Odessa, ouve alguma comoção mundial? A mídia comprada do Ocidente deu alguma cobertura? Nada, nenhuma solidariedade! Nenhum desses títeres que são denominam de líderes de países ocidentais emitiram qualquer condenação!
Lugansk e Donetsk, seus destinos e sua população teriam o mesmo destino que Cartago! Delenda est Carthago, delenda est Lugansk e Donetsk! Mas, a euforia leva a autoconfiança, e autoconfiança leva ao descuro.
O governo fantoche de Kiev cometeu um erro fatal, simplesmente eles atravessaram o rio Rubicão, ao incluir na mudança constitucional ao contrário do que previa o acordo de Minsk, a adesão do país a Otan.
Para a Rússia, o ingresso da Ucrânia na Otan, seria o golpe fatal, isso era inaceitável para segurança nacional. O Pentágono nunca escondeu de ninguém que a sua doutrina militar prevê o chamado primeiro golpe nuclear. O fim da União Soviética foi um extraordinário presente para os ideólogos do caos. A Otan aproveitou esse vácuo de poder e gradativamente, graças à governos corruptos que sucederam nos países do antigo bloco socialista, foi avançando para o leste europeu, chegando muito perto da fronteira russa. A Ucrânia passou a exercer desde então uma barreira, ou se preferir o trocadilho, uma “fronteira” entre a Otan e a Rússia.
Mas o apetite da Otan não ia se limitar a “fronteira”. A cartada final seria a cooptação da Ucrânia pelo bloco, e por consequência a tropa dos atlanteanos estariam a menos de 1000 quilômetros de Moscou. Em apenas 5 minutos um míssil com ogiva nuclear poderia atingir a capital e as principais cidades russas. Algo inaceitável para o Kremlin.
Mesmo que a estratégia da Otan desse certo, e a organização militar do Ocidente cair na tentação de dar o primeiro golpe, e por consequência eliminar toda a cúpula russa com poder decisório ou impedidas de dar o comando de contra ataque nuclear, a Rússia herdou da União Soviética, o sistema de defesa nuclear “Mão Morta”. Ao menor sinal de disparo de mísseis, ou mesmo de radiação por detonação de ogiva nuclear, o sistema autoriza o operador a disparar o contra ataque. A Europa seria varrida do mapa em poucos minutos e os EUA em torno de 2o minutos.
A ação de Putin poderá ser considera no futuro como uma ação que evitou a “terceira guerra mundial nuclear”.
Digo, até esse momento ele evitou, mas não quer dizer que essa opção está totalmente descartada, basta um erro ou uma ação mal interpretada do inimigo para que se chegue as vias de fato. Porém, a Rússia está enfrentando o que hoje é de fato a Terceira Guerra Mundial Econômica, o país enfrenta mais de 5000 sanções de todos os tipos, mais de 300 bilhões de dólares de reservas foram roubadas (o Irã, o Afeganistão e a Venezuela também foram roubadas recentemente). Mas, nem tudo é doce para os países da aliança atlanteana e também para o mundo. Na Europa, EUA e em vários países há um grande aumento da inflação de combustíveis e alimentos. Cabe lembrar que um dos fatores de revolta dos países árabes, mais conhecida como primavera árabe, foi o aumento excessivo do pão.
As sanções contra a Rússia tem muitos efeitos colaterais, um verdadeiro tiro de canhão nos pés no Ocidente, a Rússia e a Ucrânia são grandes exportadores de trigo, a Rússia e a Bielorússia (também sancionada) são grandes produtores mundiais de fertilizante. E a Rússia sozinha é uma grande produtora de petróleo e gás, se não a maior.
Portanto, não se pode comparar a Rússia com um pequeno país que pode ser destruído por sanções sem arrastar o mundo para uma depressão profunda.
Putin tinha a opção de intervir na Ucrânia em 2014, mantendo Yanukovich no poder. Houve a meu ver, uma certa hesitação de tomar essa ação decisiva. Isto evitaria as 14000 mortes no leste da Ucrânia, que foi até o momento severamente bombardeada. Mas, é preciso levar em consideração que naquela época a Rússia talvez não estivesse tão bem preparada economicamente para enfrentar essa verdadeira guerra econômica.
Putin ainda tem em sua manga opções extremas, fora retaliações pontuais, que podem ser extremamente dolorosas para o Ocidente. Como por exemplo, ele pode “apertar o botão” que pode desligar todos gasodutos que fornece gás para Europa e interromper o fornecimento de petróleo e combustível nuclear. Isso fará com que uma enorme quantidade de fábricas ir a falência, fechar comércio, parar o aquecimento para as residências europeias. Haverá um caos social jamais visto desde a segunda guerra mundial.
Os oligarcas neoliberais russos foram embora para o ocidente, assim como os oligarcas ocidentais, eles não tem pátria querem apenas viver a de luxo graças ao povo espoliado.
O povo trabalhador não precisa de Mercedes Bens, relógios Cartier e outras quinquilharias produzidos para elite, eles precisam bens que atendam a suas necessidades.
Um país sancionado como a Rússia, tendo como exemplo de países já sancionados, não pode ter políticas econômicas neoliberais para superar essa guerra econômica. O Estado russo precisa reestatizar as empresas privatizas na década de 90 do século passado.
Chegou a hora do governo russo bater na porta dos velhos engenheiros projetistas que produziram maravilhas na época da União Soviética.
Muitos vão lembrar dos aviões de passageiros Tupolevs, ilyushins, então, não há necessidade de importar aviões da Boeing. A Rússia é a maior produtora de titânio, metal utilizado para fabricar aviões. Basta parar a exportação do metal, que não haverá mais Boeing e Airbus voando por aí. Também não há necessidade de importar automóveis, quem já fabricou Ladas, Jigulis, Moskovitchs entre outros podem faze-lo novamente com novas tecnologias.
O mundo unipolar neoliberal está agonizando, ele é parecido com Biden ou como George Soros e sua trupe de saqueadores, decrépitos e mentalmente insanos. Porém, o mundo multipolar está com enormes dificuldades de nascer. A dores do parto é enorme, talvez a intervenção na Ucrânia seja o fórceps necessário para esse mundo novo vir a luz!