Em seu breve discurso, em cima de um carro de som na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro afirmou que pretende reunir o Conselho da República, nesta quarta-feira, para avaliar uma eventual intervenção federal ou a necessidade de se impor o estado de defesa ou o estado de sítio ao Brasil.
Muito longe do que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) imaginava da manifestação forte o suficiente para garantir um golpe de Estado, com invasão ao Supremo Tribunal Federal (STF) apoiada por policiais militares, armados até os dentes, os protestos convocados para este 7 de Setembro não passaram de um aglomerado de gente confusa quanto ao país que desejam, sem máscara ou distanciamento social. Um movimento inofensivo às instituições, apesar dos rosnados impressos em faixas e cartazes, muitos em inglês, contra a democracia brasileira.
Em seu breve discurso, em cima de um carro de som na Esplanada dos Ministérios, Bolsonaro afirmou que pretende reunir o Conselho da República, nesta quarta-feira, para avaliar uma eventual intervenção federal ou a necessidade de se impor o estado de defesa ou o estado de sítio ao Brasil.
Realidade
Nem o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) ou o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), confirmaram presença na agenda golpista. Segundo seus assessores, não faziam ideia de que haverá a tal reunião.
— Amanhã (quarta-feira) estarei no Conselho da República, juntamente com ministros, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com essa fotografia de vocês para mostrar para onde nós todos devemos ir — disse Bolsonaro ao seguidores.
Integrante do Conselho, o vice-presidente Hamilton Mourão também disse a jornalistas que não estava sabendo da reunião. E ele esteve com Bolsonaro mais cedo, no hasteamento da Bandeira Nacional, durante a abertura da comemoração oficial pelo Dia da Independência.
No Twitter, Mourão escreveu: “Em 7 Set 1822, o Brasil declarou sua Independência e cresce a cada dia, cuidando do seu bem maior: o brasileiro. Somos um país jovem e uma democracia plena, fruto das lutas dos nossos antepassados. Sigamos em frente, honrando o legado de liberdade e respeitando nosso povo.”
A realidade, segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil junto a fontes próximas ao mandatário neofascista, é que Bolsonaro ficou transtornado com a baixa adesão aos protestos, convocados ao longo dos últimos dois meses. Nas aparições junto ao público, ele não conseguia esconder o mau humor.
Desabafo
Um dos ministros do STF disse à mídia conservadora que recebeu, há pouco, a estimativa de público e não havia 150 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios. Trata-se de apenas 5% do público previsto pelos bolsonaristas mais empolgados, em áudios e vídeos distribuídos nas redes sociais, às vésperas das manifestações. As bravatas contra o Supremo também se esvaíram. Minutos após o encerramento do discurso de Bolsonaro, a pequena multidão começou a se dispersar.
Em contraste com o fracasso na mobilização de seus apoiadores, o chefe do Executivo elevou o tom nas ameaças à República. Interrompido pela claque, aos gritos de “Eu autorizo, eu autorizo!”, em que os bolsonaristas “autorizavam” o presidente a implementar um golpe de Estado, não faltaram críticas à derrota dentro de seus próprios seguidores.
— Só falou abobrinha — desabafou um apoiador ao site de notícias Brasil de Fato (BdF), após o ato público.
Fonte: CdB