Ricardo Mezavila*
A CPI da Covid, ou do genocídio, pode ser comparada a uma pescaria com poucos peixes grandes e muitos pequenos, que são fisgados para servirem de iscas. Foi o que aconteceu com a oitiva do ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten.
Wajngarten é um típico bolsonarista yuppie neopentecostal, tem fé no Messias, é gafanhoto de Silas Malafaia, considera-se o Goebbels da comunicação política, é arrogante e autoconfiante para mentir e possui o DNA do bolsonarismo, a covardia.
Por decisão salomônica e perigosa do Presidente da CPI, senador Omar Aziz, Fábio Wajngarten não foi preso. A decisão contrariou o Relator, senador Renan Calheiros. Estrategicamente e detectando fraqueza na postura de Omar, Jair Bolsonaro enviou o senador Flávio Bolsonaro ao plenário para ameaçar e xingar Renan.
A decisão de não dar voz de prisão a Wajngarten por mentir na CPI, pode ser entendido como jurisprudência para outros interrogados. Por outro lado, pode ser indicativo de que a CPI não quer ocupar a cesta com peixes inexpressivos, guardando lugar para os maiores.
O depoimento do ex-Presidente da Pfizer, Carlos Murillo, abriu as cortinas e apresentou a cronologia do drama. Desde maio a empresa vem em tratativas com o governo para venda da vacina, apresentou proposta oficial ao presidente da república e ministros em setembro de 2020 e só obteve resposta dois meses depois. Esse descaso do governo teve por consequência o atraso da vacinação e o aumento das mortes por Covid-19.
Um peixe grande e pesado é o ex-ministro Eduardo Pazuello, que foge do anzol desesperadamente. Pazuello é um covarde que ficou notório quando admitiu que ‘manda quem pode, obedece quem tem juízo’, ajoelhando-se diante do genocida.
Os advogados do general trabalham no sentido de que Pazuello seja interrogado na CPI na condição de investigado e não de testemunha. O investigado não tem compromisso em falar a verdade, a testemunha faz juramento. Sua apresentação na CPI está marcada para o dia 19 de maio.
A CPI está na terceira semana e tem deixado o Planalto apreensivo com seus desdobramentos, com a nulidade dos senadores governistas na defesa do governo, com a opinião pública pautada, não pelos factoides de Bolsonaro no cercadinho, mas pela irresponsabilidade de sua gestão em não comprar vacinas, o que causou a morte de centenas de milhares de brasileiros.
*Ricardo Mezavila, cientista político
Fonte: patrialatina