Desde a pesquisa realizada entre os dias 17 e 18 até o estudo divulgado, na véspera, Boulos passou de 42% para 45% dos votos válidos. Covas, o vencedor do primeiro turno, oscilou negativamente de 58% para 55%
Às vésperas da decisão em segundo turno das eleições municipais, na capital paulista, o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, aproxima-se do adversário tucano. O prefeito Bruno Covas, que representa a direita na tentativa de reeleição, aparece na pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira com 55%, contra 45% do socialista. Boulos precisa reverter apenas 5 pontos percentuais para infligir a maior derrota até agora ao campo político que sustenta o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Desde a pesquisa realizada entre os dias 17 e 18 até o estudo divulgado, na véspera, Boulos passou de 42% para 45% dos votos válidos. Covas, o vencedor do primeiro turno, oscilou negativamente de 58% para 55%. O psolista colhe os primeiros frutos da aliança promovida entre os partidos de centro-esquerda.
Há cerca de 15 anos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador cearense Ciro Gomes, a ex-ministra Marina Silva e o governador do Estado do Maranhão, Flávio Dino, afastaram-se. Agora, em torno de Guilherme Boulos, eles voltam a se reunir na propaganda eleitoral do PSOL paulistano.
Ciro Gomes
A recém-formada frente de centro-esquerda torna-se a novidade destas eleições, que funcionam como uma prévia do que vem pela frente, em 2022. Trata-se da primeira iniciativa, nesse sentido, entre os líderes que, na última eleição presidencial, dividiram o eleitorado e abriram as portas para o crescimento do neofascismo, no país. O presidente Bolsonaro chegou ao Palácio do Planalto após o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, deixar o país logo após o primeiro turno e liberar seus eleitores para o voto no candidato da ultradireita.
Outro fato decisivo, no pleito atual, é a consolidação das redes sociais e mecanismos digitais de mensagens como principal instrumento para a consolidação do voto dos eleitores. Boulos cresceu na internet, uma vez que dispunha de apenas alguns segundos no horário da propaganda eleitoral no rádio e na TV.
O crescimento do candidato da centro-esquerda retoma uma liderança que, em 2018, ficou maciçamente com o grupo bolsonarista. Boulos mobilizou artistas e conquistou o eleitorado mais jovem.
Palocci
Mas a alegria do recém-formado bloco de esquerda durou pouco. Na manhã desta terça-feira, Ciro Gomes voltou a atacar o ex-presidente Lula, o PT e a presidenta deposta Dilma Rousseff. No caso da líder petista, Gomes inventou dados sobre os níveis de desemprego, durante o governo dela. Quanto ao encontro que manteve com Lula, na capital paulista há duas semanas, Ciro fez pouco e disse que saiu “com as mesmas ideias e as mesmas convicções”.
Ainda segundo Ciro Gomes, o presidente petista por dois mandatos inteiros, encerrados com o maior nível de aceitação já visto na História do país, “impôs a Dilma para continuar mandando” e responsabilizou o PT pela eleição de Jair Bolsonaro em 2018, sem admitir que se omitiu no apoio ao então candidato petista Fernando Haddad, no segundo turno.
— A Dilma, sem nenhuma experiência, se agarra na economia mais atrasada e a corrupção generalizada, que infelizmente não dá para ser escondida. O Antonio Palocci era braço direito do Lula. Isso criou as condições no Brasil para o povo por desespero, por raiva, por frustração, que eu compreendo com a minha alma, votar neste absurdo que está se revelando ser o Bolsonaro — afirmou aos jornalistas.
Golpista
Ex-ministro de Lula e eleitor de Dilma em seus dois mandatos divulgou um dado falso.
— A Dilma não é uma pessoa desonrada, é uma pessoa séria. Nós aqui no Ceará demos dois terços do votos contra o impeachment, portanto não me meto nessa história de que a Dilma é uma corrupta, mas a Dilma desastrou o Brasil. Quando ela assumiu o desemprego era 4% quando saiu estava em 14% — disse, o que não é verdade.
No final da manhã, após tomar conhecimento do ataque de Ciro Gomes, a petista Dilma Rousseff divulgou uma nota na qual cita dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam que a mandatária, na realidade, reduziu o desemprego ao menor nível em décadas, até se tornar alvo da conspiração golpista articulada por seu vice-presidente, depois o presidente de facto Michel Temer, que destruiu as condições econômicas do país.
Resposta
“Ciro comete um equívoco ao afirmar, em Pernambuco, que quando assumi o governo havia uma taxa de desemprego de 4% e quando saí da presidência o índice estava em 14%. Os dados verdadeiros do IBGE são bem diferentes. Eu assumi, em janeiro de 2011, com a taxa de desemprego em 6%. Quando meu primeiro mandato acabou, em 2014, o desemprego médio foi de 4,8%. Naquele ano, inclusive, foi registrado o menor índice mensal da série histórica, 4,3% em dezembro”, respondeu Dilma.
A presidenta deposta também falou sobre a expansão do desemprego após a sua reeleição, em 2014.
“Em 2015, já em pleno processo de sabotagem do governo e crise produzida pelo processo de impeachment, o desemprego médio anual registrado foi de 8,8%. E em 2016, já sob o Governo Temer, pois fui afastada do cargo em maio, a taxa média de desemprego subiu para 11,5%”, resumiu.
Fonte: CdB